terça-feira, 31 de março de 2015

NOTA SOBRE O APOIO DA DIOCESE DE TOLEDO A REFORMA POLÍTICA PROPOSTA PELA CNBB.


As conferências dos bispos com frequência se ocupam de temas que são estranhos à natureza de seus deveres como sucessores dos apóstolos”.  Mons. Jan Pawel Lenga, bispo de Karangada, Cazaquistão

O que odeio no marxismo é o totalitarismo a que conduz”. Antoine de Saint-Exupéry


I

O nosso país transita um caminho equivocado e perverso. Equivocado, porque crê ser possível viver à margem da realidade e de seu Princípio; perverso, porque não só aplaude a imoralidade, o vício e o pecado, mas os estimulam através de legislações aviltantes como as que visam o assassinato de crianças inocentes no seio materno e as que conferem direitos às antinaturais uniões sodomitas, ou ainda, as que incluem nos planos de educação de todas as esferas a infame teoria de gênero com o objetivo único de corromper a infância e de arrancar dos pais o direito natural de educar os filhos, tarefa esta exigida pelo próprio Autor da criação.

Por tudo isto, cuja atualidade nos corrói cotidianamente, esperava-se que nossos Bispos e prelados denunciassem com vigor situação tão calamitosa e que coloca em risco tantas almas, que fizessem recordar as exigências da ordem natural violada e assinalar as vias para sua restauração, a única que poderia nos devolver a justiça, a segurança e a concórdia.

II

No entanto, não só a hierarquia da Santa Igreja não fizera aquilo que dela se esperava, senão que ao contrário e para nosso espanto, se uniu aos corruptores e aos perversos hasteando a bandeira de uma Reforma Política insossa que interessa unicamente ao Partido dos Trabalhadores ao qual tristemente a CNBB está alinhada há mais de 30 anos. Acrescenta-se que os demais signatários da Reforma Política apregoada pela CNBB são entidades de cariz notadamente marxista, o que deixa entrever que a doutrina defendida por esta entidade não é a mesma que ensinaram os Santos Padres, especialmente PIO XI, que em sua famosa encíclica Divini Redemptoris, de 1937, qualificou o comunismo como “intrinsecamente perverso”, vale dizer, mal em si mesmo, sendo tudo quanto dele decorrer pernicioso e nada salutar.

Calharia bem aos membros da cúpula da CNBB, especialmente ao seu Presidente, Dom Raymundo DAMASCENO, a admoestação feita por PAULO VI em 12/6/71, durante uma audiência concedida a mais de duzentos estudantes do seminário de Roma: “Infeliz do sacerdote que deseja ser tudo, fazer tudo, ser político, sociólogo, assessor e organizador, mas falha na sua missão especifica de sacerdote”. Caso nossos Bispos e mesmo nossos prelados tenham olvidado em que consiste dita missão, o próprio Santo Padre acrescenta: “Sua missão é glorificar a Deus sacrificando-se por seus irmãos, aos quais deve comunicar a vida divina, mantendo permanente contato com Cristo”.

Não foi pensando nas instituições, conforme veiculado nos meios de comunicação, que Dom Damasceno manifestou oposição ao impeachment da presidente da república, pois as instituições já estão seriamente comprometidas pela incúria e os descalabros do Partido que galhardamente, e isso o reconhecemos, o bispo intenta defender.

 Ademais, nenhuma palavra disse Dom Damasceno em defesa das “instituições” sobre a aliança espúria do PT com os demais governos populares bolivarianos através do Foro de São Paulo; nenhuma palavra de comiseração foi dita por alguma autoridade eclesiástica a respeito da situação desesperadora do povo venezuelano que sucumbe ante a chibata do ditador Nicolás MADURO, sucessor de Hugo CHÁVEZ, governo considerado democrático pelo Partido dos Trabalhadores o qual, inclusive, através de seu presidente, Rui FALCÃO, emitiu uma nota de solidariedade ao presidente Maduro e contra os seus opositores qualificados de “golpistas”; nenhuma palavra sobre o aporte financeiro concedido através de fraude (de um crime, portanto), à ditadura cubana através do Programa Mais Médicos, conforme vídeo veiculado em uma rede de televisão.
Quando o crime se torna prática corriqueira por parte dos que detém as rédeas do poder, falar em defesa das instituições não passa de um disparate.

III

Por outro lado, a despeito do exposto acima, causa perplexidade notar que muitos sacerdotes da DIOCESE DE TOLEDO estejam fazendo uso do lugar santo para manifestar suas convicções políticas e fazer a defesa do Partido hoje no poder. E o pior é a desfaçatez com que o fazem; é a mentira de que fazem uso para ludibriar os incautos, para lhes fazer crer nos bons propósitos de uma Reforma Política e de uma Campanha da Fraternidade que em tudo se lhe assemelha. O que se está a fazer é a defesa (tal qual o fizera em outros tempos o cínico Leonardo BOFF e o faz ainda o intragável frei BETTO) de uma ideologia insana: O SOCIALISMO. O mesmo socialismo dos discursos de MADURO, de Evo MORALES, de STÉDILE (o chefe do exército do MST como o denominou recentemente o ex-presidente Lula e que tão bem o conhece a CNBB, através da CPT); o socialismo, que segundo Gustave THIBON, esse sim um católico de fibra, “transforma um povo que antes era livre em um povo de suplicantes e de mendicantes do Estado”; o mesmo socialismo que conforme a dicção do escritor católico francês Louis SALLERON “em todas as partes quebra a sociedade. Destrói, desarraiga, reduz o valor do capital, rompe todas as células e todos os vínculos do organismo social. Semeia a ruína na desintegração”; o mesmo socialismo considerado pelo filósofo tomista Marcel DE CORTE como “o mal absoluto, subsistente, entronizado” e “a mentira metafisicamente instituída”.

A militância inflamada de tantos Bispos e prelados em favor de referida ideologia intrinsecamente perversa faz com que reflitamos o vaticínio feito pelo famoso romancista católico francês Georges BERNANOS, autor entre outras obras de Diário de um pároco de Aldeia, no final de 1926, e confidenciado ao seu compatriota e também escritor Henri MASSIS: “Creio que nossos filhos verão o grosso das tropas da Igreja do lado das forças da morte. Eu serei fuzilado por sacerdotes bolcheviques que levarão o Contrato social no bolso e a cruz sobre o peito”.

Apenas uma correção seria necessária: hoje os sacerdotes não levariam o Contrato Social - famosa obra de ROUSSEAU – no bolso, mas qualquer documento lavrado em um escritório da CNBB (como o doc. 91 “Por uma Reforma do Estado com Participação Democrática” ou o perverso “A Igreja e a Questão Agrária Brasileira no Início do Século XXI”, aprovado na 52ª Assembleia Geral), e se levassem a cruz no peito, ela não teria qualquer significado.


IV

Por derradeiro, não se esperava que nossos Bons Pastores tivessem a mesma atitude e a mesma coragem daquele personagem do polemista inglês G. K. CHESTERTON, em A Esfera e a Cruz, que quebrou a bengaladas as vidraças do jornal que ofendia Nossa Senhora, pois sabemos que seria pedir muito, mormente em uma época de pluralismos em que qualquer afirmação mais contundente soa reacionária. Esperava-se apenas que não dessem mau exemplo.

O problema da CNBB e o de muitos prelados “novidadeiros” é identificar ou confundir: o sagrado e o profano; o natural e o sobrenatural; a Igreja e o mundo; a Teologia reduzida ou substituída por uma antropologia naturalista; a concepção de um Deus distante que não intervém no mundo do homem. Tudo isso está em pugna com a teologia católica e os autênticos ensinamentos da Igreja. Para esclarecer digamos: o homem se faz cristão pelo caráter sacramental do batismo; bom cristão pela graça santificante e as virtudes infusas.

É um fato, e lamentamos dizer, que os Bispos deveriam ser a luz do mundo, que conhecessem a doutrina e a defendessem, e não um grupelho de mercenários incrustados na CNBBdoPT, cujo único interesse é o bem viver; o mesmo pecado dos dirigentes do povo eleito comete hoje a hierarquia em geral, sem negar a exceção que confirma a regra (que isso fique bem claro). Hoje muitos se perguntam horrorizados: onde está o clero? Onde está a hierarquia da Igreja Católica que defenda o rebanho e o apascente com a luz e se necessário morra com as ovelhas? Brilham por sua ausência; daí o estado calamitoso e deplorável em que nos encontramos, por esta deserção da hierarquia ante a Verdade. E por não seguir o exemplo do Bom Pastor, convertendo-se assim em fariseus, quanta gente se perde pelo mau exemplo...

Para finalizar, rogamos encarecidamente que nossos Bispos, prelados e leigos entendam que, conforme o sereno, porém enérgico conselho de um bom “cura” argentino, o padre Leonardo CASTELLANI, “se nosso país já descristianizado e presa fácil de politiqueiros, hereges e homens astutos, há de ser salvo, o será pela permanente devoção à Maria Santíssima...” e que “qualquer ação política sadia entre nós deverá ter a frente a Mãe de Deus, vencedora de todas as heresias e exorcista de todos os demônios”. É pedir muito?


 Toledo, 30 de março de 2015.
Festa de São João Clímaco



Fernando RODRIGUES...

... um mísero pecador envergonhado.