terça-feira, 22 de dezembro de 2015

INDIFERENTISMO IGNÓBIL...

“por que lutar se tudo tem um lado positivo? Repetimos: esse pacifismo é a quinta essência, destilada, pasteurizada, licorosa, adocicada daquela inimizade medular, moléculas que a filosofia do Homem-exterior difun­diu durante quatro séculos. Comparadas a esse indiferentismo ignóbil, as guerras mais horríveis são ainda uma reação sau­dável e cordial de uma pobre humanidade que se obstina em crer que valha a pena lutar e morrer por uma palavra, por uma mulher, por uma bandeira, por uma idéia, e, com muitíssimo mais forte fundamento, por um credo”.
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Gustavo CORÇÃO. Dois Amores  Duas Cidades, 2. vol., Rio de Janeiro: Agir editora, 1967, p. 340.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A CORRUPÇÃO DOS MELHORES

“A Cidade é como um navio de homens, a bordo do qual, esses homens enfrentam a fúria dos elementos e alcançam seu termo ou destino, mas que também podem naufragar. Quando um barco é bem pilotado e reina a bordo a ordem e a hierarquia, tudo nele, até mesmo os defeitos da tripulação, aproveita para o bem (pensemos na rudeza dos marinheiros, que pode ser necessária em momentos de perigo). Quando, em troca, a direção do navio é débil e vacilante; quando se duvida da rota empreendida ou surge o temor do motim interno, tudo nele conspira para o mal, até mesmo as virtudes dos bons, aos quais o próprio pânico na defesa dos seus converte em feras. E de tal maneira a vida privada e a pública são interdependentes que a corrupção da cidade corrompe ao homem, e em tanto maior medida quanto maior é a qualidade de sua alma, porque a ‘corrupção do melhor é o pior’. Semelhante à terra de má qualidade que prejudica, antes de tudo, as boas plantas fazendo-as degenerar ou morrer, ao passo que permite a vida das ervas ruins, assim a sociedade – terra do homem – acarreta com sua corrupção a degeneração moral dos melhores”.
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Rafael GAMBRA. Sociedad y religación: la Ciudad como habitáculo humano. Revista Verbo, n. 91-92, p. 11.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

DESORDEM TOTAL...

Uma desordem total invadiu o nosso século. Em proporções gigantescas e com indomável força ela, dia a dia, conquista os núcleos básicos da comunidade humana.
A característica principal da forma moderna da desordem é a inversão dos valores do convívio humano, que começa cortando os laços que ligam os diversos escalões da hierarquia social e termina no desentendimento total dos homens.
Na família, os filhos estão surdos para o timbre da voz paterna. Os pais estupefatos temem os filhos. Temem principalmente perdê-los. Com cabisbaixa fraqueza cedem às suas imposições, para não perderem aqueles que de há muito perderam. Congrega-os o lar apenas por laços de um certo instinto gregário e os interesses monetários dos filhos. Mas o filho já é um estranho na casa.
Na escola, a professora condicionada por uma pedagogia que nega a tendência da criança para o mal (tendência que é um claro indício do pecado original) e o valor educativo das punições, docilmente cede a todos os caprichos infantis.
Nos ginásios, os adolescentes agrupados na promiscuidade da co-educação, iniciam-se nas “viagens do fumo” e dos tóxicos, preparam-se para o amor nas “inocentes” práticas sexuais, sob os olhares estimulantes e compreensivos dos orientadores educacionais.
Nas universidades, os representantes do mais tolo mito do século, o mito do JOVEM, elaboram os programas, impõem e depõem os mestres e dirigentes, sob o pastoral treinamento, nas universidades católicas, de sacerdotes mais imaturos que eles e que os orientam conforme a moral permissiva e a linha subversiva.
As nações, na desarvorada corrida para a tirânica democratização, já atingiram, ou estão prestes a atingir, o mais que perfeito regime da desordem institucionalizada de um Chile, de um Argentina ou dos ensaios brasileiros pré-64.
Entre os católicos o vírus do desconcerto infiltrou-se em proporções alarmantes. Os detentores do poder sagrado, por pusilanimidade, por irresponsabilidade, por comodidade, por estupidez, ou, o que é mais provável, por tudo isso junto, entregaram de mãos beijadas o governo às conferências episcopais, às comissões de peritos, que funcionam como imensas máquinas manipuladas pelos técnicos da pastoral. Um poder invisível, onipresente e onipotente, age como um rolo compressor, esmagando o doce e paterno cuidado dos pastores. Estes, submissos e silenciosos, no clima asfixiantes dos diálogos, assinam tudo o que os secretários das linhas pastorais 1, 2, 3, etc. lhes enviam para que livremente não deixem de aprovar. O resultado do funcionamento dessa burocracia eclesiástica é, além das estatísticas e das verbas astronômicas dispendidas, a orientação para uma vida cristã onde em moral vale tudo e, em doutrina, nada vale a verdade transmitida há dois mil anos.
O princípio norteador da Grande Revolução é a quebra da ordem pela destruição da hierarquia, da imagem do pai, do sacerdote e do príncipe.
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Gustavo CORÇÃO. O quarto mandamento, Permanência, Julho de 1973.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

CONTRA A PESTE MARXISTA...

É uma mentira que a revolução marxista esteja empenhada na luta pela justiça e pelo bem-estar de todos os trabalhadores, pois onde vence impõe a todos, e especialmente aos operários, uma exploração e opressão totais.
É uma mentira que a revolução marxista realmente esteja comprometida na luta pela libertação do homem, pois, sendo materialista e atéia, constrói uma sociedade totalitária, com uma completa escravidão.
Cada homem, e especialmente o cristão, tem o dever de comprometer-se na luta contra a peste marxista, até sua completa derrota, até que seja eliminada e desterrada da vida humana.
Não basta defender-se do marxismo e sua revolução; é necessário também ataca-lo, destruí-lo. Não basta que defendamos nossa liberdade ameaçada; é necessário sair em defesa da liberdade dos demais, dos que perderam essa liberdade e há mais de meio século apodrecem nos campos de concentração nos países subjugados pelo marxismo. A liberdade é uma só. Nós, entretanto, que vivemos nos países livres, não podemos nos sentir completamente livres, sabendo que já outros seres humanos, nossos irmãos, que sofrem na escravidão imposta pelo totalitarismo marxista.
Aceita a coexistência do mundo livre com o mundo escravizado é trair a liberdade e viver em permanente medo de que nós também caiamos algum dia na escravidão. É necessário libertar todos os países vitimas da agressão marxista...
O marxismo e sua revolução é que envenenam a convivência humana, provocando a profunda crise em que ora vivemos. A eliminação, pois, do marxismo e sua revolução de nossa vida é o único caminho para salvar-nos da espantosa e desesperante crise na qual se encontra atualmente a humanidade, a crise que, sem ser solucionada, tarde ou cedo, vai levar-nos a uma catástrofe de proporções apocalípticas.
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Miguel PORADOWSKI. Em face do maior imperialismo da História, Revista Hora Presente, n. 23, Outubro/1977, p. 64-65. 


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

AS LEIS DE "EDUCAÇÃO"

Talvez nenhum instrumento tenha se revelado mais eficaz para dissolver o alicerce familiar de uma sociedade que as famosas Leis de Educação de inspiração socialista, “made in UNESCO”, como a lei Edgar Faure na França, ou a lei do “Libro Blanco” na Espanha.
Estas leis destinam-se – como oficialmente foi dito – a “mudar a mentalidade do país”, mas precisamente através da dissolução efetiva da sociedade familiar. O ensino geral e uniforme e obrigatório requer – como se sabe - concentrações escolares, mesmo assim gerais e obrigatórias. O pai de família ao ver partir seu filho de 10 anos em “condução escolar” para ser “educado” em outra cidade, por vezes distante e em regime de aquartelamento, de segunda a sábado, pode dizer adeus à alma deste filho, e também à ideia de continuidade familiar, ao prolongamento do seu trabalho, de suas terras, de tudo quanto poderia considerar “seu”. Se isto não pode evitar, como evitará anos mais tarde alguns cursos de “aperfeiçoamento cultural ou técnico” do seu filho, por exemplo, na União Soviética Talvez alguém considere aqui um exagero, e certamente o é pelo momento. Mas é sabido que o essencial está em aceitar o princípio (no caso, que a educação e “profissionalização” é assunto do Estado): o restante logo virá, é questão de apertar a seu tempo os parafusos.
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Rafael GAMBRA CIUDAD. As novas técnicas da Revolução Cultural, in Revista Hora Presente, novembro/1972, n. 13, p. 162-163.