terça-feira, 7 de abril de 2015

O HOMEM DECAÍDO

“Hoje o homem está a tal ponto decaído relativamente à sua humanidade, que pede a liberdade à burocracia estatal, a qual, em si mesma, enquanto “máquina”, é irresponsável e, por isso, estranha à liberdade. Parece que hoje os homens só se sentem seguros “agregando-se”, fazendo massa ou rebanho: pagam a “segurança” social com a renúncia a ser, eles próprios, pessoas; em compensação, contentam-se com isto de que a liberdade lhes seja concedida sobre um fólio de carta oficial, com selos e assinatura. O Estado, assim, em vez de ser a garantia dos direitos naturais do homem, é a “máquina” que os produz, que os dá, que os retira e suprime, os ofende e os insulta quando quer, sob pretexto da “salvação pública” e de “interesses superiores”. Superiores a que?... A despersonalização do homem, a renúncia a si mesmo, puseram o próprio homem “em discussão”, e já não há salvação pública para ele: o Estado devora-o, digere-o e excrementa-o como lhe é cômodo. É este hoje o sentido verdadeiro, brutal, desumano das chamadas “novas formas sociais”, nas quais o espírito já não tem lugar, il n’y a pas de place”.


___ Michele FEDERICO SCIACCA. A hora de Cristo, Liboa-São Paulo: Aster/Flambyant, 1959, p. 25.

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