Deus
está em nós. O homem que procura a Deus não se sente mais isolado; o vácuo de
sua vida é povoado pela presença do divino hóspede. Sofrerá aparentemente como
os outros homens; porém, sabe que a "graça" indentificando-o com
Cristo, há de realizar nele os mistérios do Crucificado, e vê na própria dor um
elemento essencial da sua perfeição. Sofre para se parecer com Cristo. Sofre
para destruir em si os laços que o prendem ainda a quem não é Deus. Caminha
mais alegre; alguém o ajuda a carregar sua Cruz; tem por companheiro um amigo
fiel.
E
quando este homem se afastar da agitação exterior para se recolher em si mesmo,
não encontrará apenas um "eu" vazio de tanto correr atrás de
vulgaridades, um "blasé" feito para cousas que não consegue realizar,
encontrará o mestre interior: seu Deus.
Quem
medita sobre o mistério da Graça, que em nós é a participação da própria vida divina;
quem reflete como a Fé e a Caridade conseguem penetrar as mais elevadas de
nossas faculdades; transformar em divinas as nossas aspirações humanas; dar
ideias divinas a nossa inteligência; fazer que o homem dominado pela Fé, pense
naquilo mesmo em que Deus pensa, julgue as cousas como Deus as julga, veja como
Deus vê; quem considera a Liturgia, os Sacramentos e sobretudo a Missa,
envolvendo a alma toda e até o corpo numa atmosfera sacral, compreende que
realmente é a vida que Jesus trouxe ao mundo.
Somente Cristo dá um
sentido à Vida. Só Ele preenche as energias profundas de nossa alma. Só Ele
povoa um coração. As almas de Fé sentem, como que experimentalmente, que sem
Cristo tudo é noite, tudo é morte; que o mal pior é viver à margem do ideal e
não sujeitar ao Mestre todas as fibras do seu ser.
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Frei Sebastien TAUZIN O.P.
“A alma de nosso tempo”, in. Revista A Ordem, Rio de Janeiro, n.88, Março de
1938, p. 234.
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