terça-feira, 20 de outubro de 2015

A GLORIA DE DEUS PESA, ESMAGA.

O sacerdote de Deus, o homem consagrado pelo Bispo que é o próprio Cristo, também recebe o paramento. O ouro, a seda, a púrpura entram no seu vestuário para o espanto do mundo que só vê nisso a "pompa" da Igreja, o alarde dos recursos financeiros da cúria. O sacerdote veste o ouro e a seda, veste a Glória por cima do hábito da penitência, realizando uma consumação terrível como aquela da cruz.
O reino de Deus se encontra com o Reino de Deus, a prontidão escatológica passa no ato de Glória, vive a presença do Rei. Repete-se a experiência da cruz na pessoa do sacerdote mas aqui, lembrando a crucificação de Pedro, o que nos ombros consagrados não é a penitência, é a Glória. O paramento crucifica. A Glória de Deus pesa, esmaga. Contam que Pio XI, nas grandes solenidades sentia a tal ponto a enorme carga da Glória do Senhor que aparecia com uma palidez cadavérica. Um imenso e acabrunhante "non sum dignus" apertava-lhe o coração piedoso.
 Mas no burguês não. Nele o manto não pesa. Não o deve a ninguém, comprou e pagou. Vestiu-se. Consagrou-se. Cada um deles é um universo fechado, um Deus. 
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Gustavo CORÇÃO. Rostos, roupas e paramentos, A Ordem, Julho de 1942.


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