segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

MARIA AUXILIADORA

..um poema de Paul Claudel*


O menino feinho que sabe que não estão orgulhosos dele 
e que dele não esperam grande coisa,
quando porventura se detém sobre ele um olhar carinhoso,
fica vermelho e sorri valentemente para não chorar.
Assim, neste mundo mesquinho, os órfãos e os que nada têm a esperar,
os que não têm dinheiro nem inteligência, nem estudaram humanidades,
assim como vivem sem tantas outras coisas, vivem também sem amizades.
Os pobres fazem pouco de si, mas não é impossível ganhar seu coração.
Basta prestar atenção um tanto neles e tratá-los com alguma consideração.
Toma, pois esta olhadela, amigo pobre; toma minha mão, mas não te fies muito de mim.
Logo estarei de volta entre os de minha origem e me haverei olvidado de ti.
Não há amigo seguro para um pobre, se não encontra a outro mais pobre ainda.
Por isso, pois, vem, irmã angustiada, e contempla a Maria.
Pobre mulher cujos filhos não valem muito e que diariamente vê chegar bêbado ao marido,
Quando o dinheiro não dá para o dia e se deseja não haver nascido,
Oh, quando tudo falta e de qualquer modo te sentes desgraçada,
Vem à Igreja, e contempla a Mãe de Deus sem dizer nada.
Qualquer que seja a injustiça que nos tenham feito, qualquer que seja a dor,
Quando os filhos sofrem, a pena da Mãe é ainda maior.
Contempla Aquela que está ali, sem queixa como sem esperança, e aproxima-te do altar
como um pobre que encontra a outro ainda mais pobre, e os dois se olham sem falar. 
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*publicado na revista Sol y Luna, n. 4, 1940, Buenos Aires: p. 143.

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