sábado, 19 de julho de 2014

EDUCAÇÃO E REVOLUÇÃO

"Para Platão e os antigos, a polis ou cidade humana é, antes de tudo, uma escola de educação (de civilização, de cives), e a sadia e reta cidade – com a boa terra para a planta – são necessárias para a vida virtuosa, objeto ultimo de toda educação. A corrupção – ou a mera decadência dos ambientes – é causa imediata da ruína moral dos homens. Daí o interesse primordial da antiga pedagogia pela manutenção dos costumes, que são, como os hábitos para o indivíduo, o sustentáculo da sociedade em seu vigor e tensão interiores; e seu apoio do mesmo modo ao princípio de autoridade, especialmente do pátrio poder, a cuja imagem – sábio “paternalismo” – se concebia o ideal de toda e qualquer autoridade, inclusive a do Rei e a do Papa (Santo Padre, por excelência). Conceber – como se faz hoje – os costumes e as raízes (o arraigo, o afinco, a tradição) como estorvos/impedimentos ou “tabus” irracionais para o desenvolvimento e liberdade do homem, e substituir a educação familiar e paterna por um ensino massivo, estatal e regulamentador, é destruir os verdadeiros e estáveis fundamentos da ordem moral e do reto desenvolvimento da personalidade. Não nos esqueçamos que o último e mais refinado instrumento da Revolução é a chamada “revolução cultural”, cujos efeitos se revelam fulminantes para a definitiva estabulação gregária do gênero humano, e que, por desgraça, tantas versões tem embaladas “para exportação” no mundo de hoje".


___ Rafael GAMBRA CIUDAD. Educación y ensino. Revista VERBO (Madrid) Serie IX, ns. 85-86. Maio-Julho de 1970, p. 439-444.

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