quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

QUANDO O PODER DO ESTADO FOR ABSOLUTO...

A sociedade em que vivemos está minada de incongruências, de tentativas de amalgamar posturas que se excluem mutuamente, de conciliar o impossível. Tentativas que vêm de séculos atrás, fruto dos quais tem sido o sacrifício paulatino e constante da liberdade e da justiça ante um estatismo crescente. Quando o Direito se converte em norma emanada do poder do Estado, sem possibilidade de outra fonte e dependendo tal norma unicamente da própria vontade do Estado, a justiça desaparece a não ser que se admita como tal qualquer normatividade estatal por mais monstruosa que pareça, até mesmo as disposições raciais nazis e as deportações em massa de Stalin. Como consequência, a liberdade também desaparece à medida que se sucedem umas a outras as disposições do poder político, reduzindo-se mais e mais o campo do agir humano conforme aumenta o do Estado, ficando finalmente reduzido àquilo que o Estado lhe permite, baseado unicamente na própria vontade estatal, com independência do campo de ação que corresponde ao homem enquanto pessoa individual e social. Em definitivo, a sociedade, como rede de relações entre seus diversos membros e grupos, relações variadíssimas, que respondem à cotidiana e pluriforme vida scial, acaba por morrer aniquilada pelo peso do poder estatal, quer seja por aprisioná-la, quer seja por suprimi-la.. Relações que obedecem à sociabilidade do homem, e que correspondem à organização social em grupos ou corpos intermediários entre o homem o Estado, em que se plasma o uso de liberdades concretas. Quando o poder do Estado se acrescenta diminui o da sociedade, o das pessoas individuais e o dos grupos que a formam. Quando o poder do Estado for absoluto, o da sociedade será nulo. Recordemos que o Império Romano caiu pelo poder absoluto do Estado, segundo relata Rostovtzeff, ou como assinalou Gonzague de Reynold, porque o “país legal” arruinou o “país real”.


Estanislao CANTERO. Estatismo y Libertad: libertade de prensa y liberdad de enseñanza. Revista “El Pensamiento Navarro”, 12 de outubro de 1974.

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