domingo, 14 de agosto de 2016

A PÁTRIA COMO PATRIMÔNIO MORAL DE TRADIÇÕES E DE ASPIRAÇÕES

“Eu já uma vez o disse e parece-me que não é demais repetir que a Pátria não é apenas uma ideia com mera significação territorial. É antes de mais nada um patrimônio moral de tradições e de aspirações, ligado ao solo em que os nossos Mortos repousam. Ser patriota não é manter somente a integridade dos limites físicos em que a Pátria se emoldura. É principalmente não atentar contra a inalterabilidade duma alma coletiva, que fundada na continuidade da história e na consciência dum povo, constitui o que em verdade se pode chamar o gênio duma nacionalidade. Ninguém colocou melhor o problema de que o ilustre historiador francês Fustel de Coulanges, ao escrever na clausula celebre do seu testamento: ‘O patriotismo exige que, quando se não pense como os antepassados, se respeite ao menos o que eles têm pensado’. Porque o patriotismo é assim Fustel de Coulanges o definia nas disposições da sua ultima vontade, é que o autor de La Cité Antique se mandava enterrar catolicamente, embora não fosse nem um crente nem um praticante”.
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Antonio SARDINHA. A prol do comum… doutrina e história, Lisboa: Livraria Ferin/Editora Torres e Cia, 1934, p. 72.

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