“Eu já uma vez o disse e parece-me que não é demais repetir que a Pátria
não é apenas uma ideia com mera significação territorial. É antes de mais nada
um patrimônio moral de tradições e de aspirações, ligado ao solo em que os
nossos Mortos repousam. Ser patriota não é manter somente a integridade dos
limites físicos em que a Pátria se emoldura. É principalmente não atentar
contra a inalterabilidade duma alma coletiva, que fundada na continuidade da
história e na consciência dum povo, constitui o que em verdade se pode chamar o
gênio duma nacionalidade. Ninguém colocou melhor o problema de que o ilustre
historiador francês Fustel de Coulanges, ao escrever na clausula celebre do seu
testamento: ‘O patriotismo exige que,
quando se não pense como os antepassados, se respeite ao menos o que eles têm
pensado’. Porque o patriotismo é assim Fustel de Coulanges o definia nas
disposições da sua ultima vontade, é que o autor de La Cité Antique se mandava enterrar catolicamente, embora não fosse
nem um crente nem um praticante”.
__________________
Antonio SARDINHA. A prol do comum… doutrina e história,
Lisboa: Livraria Ferin/Editora Torres e Cia, 1934, p. 72.
Nenhum comentário:
Postar um comentário