sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O PAI DA MENTIRA E O SOCIALISMO

“E a evidência, de que todo o inferno está comprometido “na maior das catástrofes sociais”, que é o advento do comunismo, como advertiu, há mais de um século, Donoso Cortês, está na diligencia com que o “pai da mentira” escolhe e prepara seus agentes, com a paciência e a meticulosidade de quem tem a eternidade diante de si.
No prefácio de seu livro – “Marx et les Marxistes” – Kostas Papaioannou assim traça o perfil do idealizador da doutrina:
“Prometeu – que é o deus ou gênio do fogo – e Lúcifer, estas duas máscaras do rebelde romântico, acompanham Marx durante toda a sua longa existência. Nos seus primeiros escritos, encontramos já Prometeu glorificado na primeira fila dos ‘mártires e de santos filósofos’. O Tentador também é evocado num de seus poemas da juventude. Ele aparece sob o aspecto de um músico selvagem, que se recusa a cantar a harmonia da criação e que não quer senão atravessar as almas com sua espada. Deus, diz ele, não ama e nem honra as artes; a arte é nutrida com vapores do inferno, é o Diabo que a inspira... O ‘galhardo negro das Trevas’, como Engels e Edgard Bauer o tinham chamado, levara para sempre o traço de suas brejeirices com o Maligno: todos esses jatos de luz intensa, esses traços maliciosamente sardônicos, deliberadamente blasfematórios, esses sarcasmos gigantescos, que bruscamente envolvem a prosa de Marx – ver a audácia e o esplendor por vezes lúgubre de suas fulgurações – têm por fonte sua inimizade prometeana com a ordem dos deuses implacáveis que ele viu troar sobre um Olimpo de infâmias”.
(...)
“Não é a primeira vez – insiste Monsenhor Delassus -  que se produz uma invasão de satanismo na cristandade. No século XV, a Reforma foi precedida de um extraordinário desenvolvimento de magia. O protestantismo a favoreceu por todos os modos e produziu o descobrimento da feitiçaria, que, durante o século XVII, caiu como um pesadelo sobre a Alemanha, Inglaterra e Escócia...”. “Uma onda de ocultismo – escreve por sua vez Leon de Poncis – precedeu e acompanhou os dois movimentos revolucionários de 1789 e 1917. Os teósofos e iluminados do século XVIII, Boheme, Swdenborg, Marxinez de Pasqualis, Cagliostro, o conde de Santi Germain, etc., têm sua contrapartida nas numerosas seitas russas e nos magos e ocultistas da corte imperial da Rússia – Felipe, Papus, o tibetano Badmaieff, e, sobretudo, Rasputin, cuja extraordinária influencia contribuiu diretamente para desencadear a revolução” (Jean Ousset, “Para que El Reine”, nota n. 38, pp. 27-28).
Isso explica porque Satanás encontrou campo propicio aos seus desígnios na infeliz pátria de Berdiaeff.
“Lênin dissera: ‘Se tivesse havido na Rússia, em 1917, somente umas dez centenas de homens sabendo bem o que eles queriam, não teríamos, jamais, chegado a ocupar o poder” (Apud José Pedro Galvão de Sousa – “A Esperança Política”, in Problemas Brasileiros, n. 155, 0. 23, Julho de 1976).
Vale dizer que, em duzentos milhões de pessoas, não havia na Rússia mil justos, como em Sodoma e Gomorra não avia dez. Daí por que ambas foram destruídas – e cada qual a seu modo: a primeira, pelo fogo de Prometeu, o deus do fogo, a que se afeiçoara Marx; a segunda, pelo fogo do Céu; a primeira, por morte aviltante, porque produzida pela sanha do homem, possuído por Satan; a segunda, mais nobre, porque vida direta do Céu.
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Ítalo GALLI (1913-2012). Discurso de posse no Tribunal de Justiça de São Paulo. In “Direitos da Moral”, São Paulo, 1992, p. 45.

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