domingo, 14 de agosto de 2016

O APOSTOLADO DO SACERDOTE E DO LEIGO

“Como disse na sua mensagem natalícia S.S. Pio XII, não existe organização do mundo que possa garantir a dignidade do homem e a soberania inviolável da pessoa, se se prescindir dos valores imortais do espírito e da verdade de Cristo; e não existe, por consequência, nem humanismos da cultura nem do trabalho. Daí o valor insubstituível da religião, que é indispensável ao homem como a sua mesma alma.
Também a vida religiosa é “trabalho”, o mais humano, o mais universal e, por isso, “católico”: trabalhar, para nós, para o próximo e para Deus, segundo a ordem da verdade natural, iluminada pela fé, que é verdade e graça sobrenatural. O apostolado do Sacerdote ou o leigo católicos, o culto religioso, a oração, etc., são trabalho e altíssimo trabalho social, mais do que social na medida em que se encontra voltado para fins supersociais, para a total realização do homem e, por isso, da liberdade plena. Não edifica casas ou outros confortos materiais, mas edifica o espirito dos homens, isto é, aqueles que habitam as casas e usam dos confortos. A técnica preocupa-se em construir as estradas, mas a Igreja de Deus assume uma empresa muito mais importante: preocupa-se com a alma dos homens que por elas passam, reza pela sua paz material e espiritual, e, quando pode, prodiga-se em toda a espécie de auxilio. Mas para que serve a oração? Para nada, se for ateu; é eficacíssima, se se crer que o homem é filho de Deus e que o Pai é também o Amor. A oração, que tem confiança na misericórdia do Criador, e o temor de Deus, por amor da sua justiça, são “trabalho”, o trabalho que eleva e santifica todas as formas da atividade humana que, no fundo, com as nossas obras honestas, quaisquer que sejam, é resposta à verdade. Resposta sempre inadequada – a do grande poeta tanto como a do camponês que ara a terra – que nunca poderá dar ao homem a sua plenitude, porque a plenitude do homem não é a sociedade (liberal ou comunista, ou o que quer que seja) ou o homem mesmo. Só o destino sobrenatural é a elevação suprema da dignidade da pessoa; só ela faz com que o trabalho de todo o indivíduo, se Deus o quer, encontre a sua plenitude na glória de Deus”.
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Michele Federico SCIACCA. A hora de Cristo, Lisboa: Aster / São Paulo: Flambyant, p. 186.

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