domingo, 23 de março de 2014

A HUMILDADE PRECEDE A GLÓRIA

“Voltar a sentir a relação do homem com a terra, a natureza, a história, o universo, como algo misterioso e poético, quer dizer, de maneira criadora, apaixonadamente atrativa. Talvez seja essa a maneira mais culta e mais nobre de viver. Experimentar a cada instante a graça da vida (Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida) e não deixar-se seduzir pelo demônio da destruição que às vezes pretende mostrar uma máscara de beleza utópica. Uma última reflexão: ‘não creias inteiramente na felicidade, não temas o infortúnio’ é um velho adágio russo que Soljenítsin cita em um de seus livros, como se já vislumbrasse um destino distinto para sua querida Rússia, logo das terríveis e dolorosas circunstancias que ele e sua não padeceram... Quando se aproxima o crepúsculo da vida e se tenha experimentado a ventura da Graça, os lustros vão enchendo o coração de um elementar, quase inocente entendimento, que o liga às verdades simples e perenes contidas nos antigos adágios nascidos do aroma do povo. A alegria e o sofrimento, inseparáveis dos seres humanos em seu fugaz transito pela terra, adquire fulgores de eternidade, como se de repente, ‘o homem se tornasse contemporâneo de Cristo’, e em sonho parecesse escutar, lá... no mais fundo da alma, as palavras do Padre Castellani: ‘Isto é a Fé’; então, floresce a compreensão imensa, incomensurável... O adágio russo citado lembra alguns provérbios bíblicos, especialmente aquele que reza: ‘Antes da ruína se exalta o coração do homem; mas a humildade precede a Glória’ (Prov. 18.12).Provérbio, adágio e situação mundial, vividos com a sensibilidade que o cristão não pode perder, se enlaçam mostrando um caminho. Caminho de eterna esperança, sugerido amorosamente por mais de um pensador contemporâneo: o coração do homem se rebela em seu orgulho desafiando a Deus, provocando violência, crimes e castigos... dolorosa queda; mas na derrota de todas as suas ilusões, no sangue e nas lágrimas, seu pesar apela ao perdão e à graça, e a humildade precede a Glória”.

Alberto BOIXADÓS. Política en la cultura de masas, Buenos Aires: Editorial Areté, 1983, 97-98.

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