domingo, 30 de março de 2014

APÓS OS SOFISMAS, VEM AS REVOLUÇÕES... APÓS OS SOFISTAS, OS VERDUGOS.

A diminuição da fé, que produz a diminuição da verdade, não leva consigo, forçosamente, a diminuição, mas ao extravio da inteligência humana. Por isso, todos temos visto passar diante de nossos olhos esses séculos de altíssima cultura, que tem deixado empós si um sulco, menos luminoso que inflamado, na prolongação dos tempos. Ponde, contudo, neles os vossos olhos: olhai-os bem – uma vez e outra vez – e vereis que seus resplendores são incêndios que não iluminam, mas apenas relampagueiam. Qualquer um diria que sua iluminação procede antes que das puríssimas regiões onde se engendra aquela luz aprazível, dilatada suavemente nas abobadas do céu, com soberano pincel, por um pintor soberano. E o mesmo que se diz das idades pode dizer-se dos homens: negando-lhes ou concedendo-lhes a fé, nega-lhes Deus ou lhes tira a verdade; nem lhes dá nem lhes tira a inteligência. A (inteligência) dos incrédulos pode ser altíssima, e a dos crentes humilde: a primeira, porém, não é grande senão à maneira de um abismo; ao passo que a segunda é santa, à maneira de um tabernáculo; na primeira, habita o erro, na segunda a verdade. No abismo está, com o erro, a morte; no tabernáculo, com a verdade, a vida. Por essa razão, para aquelas sociedades que abandonaram o culto austero da verdade pela idolatria do engenho, na há esperança alguma. Após os sofismas, vem as revoluções, e após os sofistas, os verdugos.

Juan DONOSO CORTES (1809-1853). Ensayo sobre el Catolicismo, el Liberalismo y el Socialismo, Livro primeiro, Cap. I, p. 03. 

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