segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A FAMÍLIA AMEAÇADA

“O UTILITARISMO é uma civilização baseada em produzir e desfrutar; uma civilização das COISAS e não das PESSOAS; uma civilização em que as pessoas usam umas as outras como se fossem coisas. No contexto da civilização do prazer a mulher pode chegar a ser um objeto para o homem, os filhos um obstáculo para os pais e a família uma instituição que dificulta a liberdade de seus membros. Para convencer-se disso, basta examinar CERTOS PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO SEXUAL INTRODUZIDOS NAS ESCOLAS, geralmente contra a vontade e sob os protestos de muitos pais; ou ainda as CORRENTES ABORTISTAS, que em vão trataram de esconder-se atrás do “direito de decidir” de ambos os esposos, e particularmente da mulher. Estes são apenas dois exemplos dos muitos que poderiam ser trazidos à colação. É evidente que em semelhante situação cultural a família não pode deixar de se sentir ameaçada, uma vez que espreitada em seus próprios fundamentos. O que é contrário à civilização do amor é contrario a toda a verdade sobre o homem e é uma ameaça para ele; não lhe permite encontrar a si mesmo nem sentir-se seguro como esposo, como pai, como filho”.
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Victorino Rodriguez O.P.  Año de la família, Revista Verbo (Madri, Espanha) n. 327-328, 1994, p. 697.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

RECRISTIANIZAÇÃO DA FAMÍLIA

“Ao lado do mundo das realidades humanas, vai se construindo o mundo das verdades eternas. São elas as únicas forças capazes de deter a dissolução moral que vem avançando sobre a nossa civilização materializada qual sombrio arauto da destruição. Ainda é tempo de deter o cataclisma. A recristianização da família, a orientação sobrenatural da tarefa dos educadores é a única solução para recuperar nosso mundo secularizado. Os jovens têm urgência de elaborar uma razão válida para viver. Sem um ideal superior como poderá fornecer esforço e superação, quando as tentações de prazer são tão avassaladoras? Os movimentos universais de redescoberta dos valores da vida de família são a resposta a essa exigência de recristianização. ‘Só há um problema’, diz Saint-Exupéry, ‘é o espiritual’. Recorramos, pois, à pedagogia da consagração, ao hábito da sujeição amorosa à Vontade de Deus, para alimentar o anseio da perfeição para a qual fomos criados”.
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Maria JUNQUEIRA SCHMIDT. Educar para a responsabilidade, Rio de Janeiro: Agir, 1974, p. 31.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O PATRIOTISMO É UMA VIRTUDE

“O patriotismo se expressa através de várias virtudes que se referem a Deus: a piedade, a virtude da religião, e, sobretudo, a virtude teologal da caridade (...) Todo ato de verdadeiro patriotismo brota da religação do homem com Deus ou à ela conduz. O patriotismo não é apenas sentimento, é também virtude. Os meros sentimentos, os afetos, não são suficientes. Se requer um amor efetivo à pátria. O amor à pátria não pode confundir-se com a complacência em relação aos vícios e os pecados. Há em nossa história coisas grandes, feitos nobres, exemplos de sacrifício, de heroísmo. Mas há também mostras de covardia, de traição, de cumplicidade, que merecem nossa repulsa”.
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Pe. Luis González Guerrero

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

UM CÂNTICO DE LIBERTAÇÃO

Traçando, então, o sinal da Cruz afasto de mim a garra diabólica da negação. Creio no Espírito sobre todas as coisas criadas e incriadas, - creio no Verbo feito Carne para nos remir e salvar. E o Espírito reinará com a vinda do Senhor nascido para a sorte dura dos homens sobre as palhinhas miseráveis de Belém.
Como na letra admirável do Salmo, os meus ossos humilhados estremecem de jubilo. Eu creio!
Eu creio! É um cântico de libertação o cântico que entoo, como Davi, diante da Arca, à orla do ano que não que não tardará a romper, - à cabeceira do outro que já resvala para a confusão primitiva das origens. E, solene, o relógio entrou a falar do alto da catedral.
Na comemoração dos vivos e dos mortos recolho-me à cadeia interminável da geração de que provenho. Era uma vez... Era uma vez, uma vila clara, com muralhas caídas, um lar honrado de lavradores, onde o arado alternava com a espada. Com o suor sagrado dos velhos construtores de antigamente, essa família se enraizava e durava. Foi árvore frondosa, bracejando devagar, mas bracejando com vigor. Se lhe buscarem bem as ramadas, tanto as acharão devolvidas à terra, de quem haviam surgido obscuras e sem nome, como estilizadas já, a tintas heráldicas, nos armoriais luzidíssimos do Reino.
Pois na jornada larga dos séculos, o lar que nos séculos se cimentava pela virtude e pelo trabalho, viu apagar-se o lume tutelar e sumirem-se no vago as expressões serenas dos avós.
Eu me persigno confessando ao Deus de meus Pais, que é Pai de todos os Homens, Criador de coisas criadas e incriadas. A névoa lá fora adelgaçou-se, como que deixando transluzir uma poeira finíssima de luar. A escada de Jacob revela-se na noite escura, para os que sabem elevar o pensamento bem alto. Encosto-me aos seus degraus, e encontro com que embalar a minha amargura”.
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Antonio SARDINHA. Nocturno de São Silvestre, "Na feira dos mitos", Edições Gama: 1942, p. 306-307.