“As conferências dos bispos com frequência se ocupam de temas que são estranhos à natureza de seus deveres como sucessores dos apóstolos”. Mons. Jan Pawel Lenga, bispo de Karangada, Cazaquistão
“O que odeio no marxismo é o totalitarismo a
que conduz”. Antoine de Saint-Exupéry
I
O nosso país transita um caminho equivocado e
perverso. Equivocado, porque crê ser possível viver à margem da realidade e de
seu Princípio; perverso, porque não só aplaude a imoralidade, o vício e o
pecado, mas os estimulam através de legislações aviltantes como as que visam o
assassinato de crianças inocentes no seio materno e as que conferem direitos às
antinaturais uniões sodomitas, ou ainda, as que incluem nos planos de educação
de todas as esferas a infame teoria de gênero com o objetivo único de corromper
a infância e de arrancar dos pais o direito natural de educar os filhos, tarefa
esta exigida pelo próprio Autor da criação.
Por tudo isto, cuja atualidade nos corrói
cotidianamente, esperava-se que nossos Bispos e prelados denunciassem com vigor
situação tão calamitosa e que coloca em risco tantas almas, que fizessem
recordar as exigências da ordem natural violada e assinalar as vias para sua
restauração, a única que poderia nos devolver a justiça, a segurança e a
concórdia.
II
No entanto, não só a hierarquia da Santa
Igreja não fizera aquilo que dela se esperava, senão que ao contrário e para
nosso espanto, se uniu aos corruptores e aos perversos hasteando a bandeira de
uma Reforma Política insossa que interessa unicamente ao Partido dos
Trabalhadores ao qual tristemente a CNBB está alinhada há mais de 30 anos.
Acrescenta-se que os demais signatários da Reforma Política apregoada pela CNBB
são entidades de cariz notadamente marxista, o que deixa entrever que a
doutrina defendida por esta entidade não é a mesma que ensinaram os Santos
Padres, especialmente PIO XI, que em sua famosa encíclica Divini Redemptoris, de 1937, qualificou o comunismo como “intrinsecamente
perverso”, vale dizer, mal em si mesmo, sendo tudo quanto dele decorrer
pernicioso e nada salutar.
Calharia bem aos membros da cúpula da CNBB,
especialmente ao seu Presidente, Dom Raymundo DAMASCENO, a admoestação feita
por PAULO VI em 12/6/71, durante uma audiência concedida a mais de duzentos
estudantes do seminário de Roma: “Infeliz do sacerdote que deseja ser tudo,
fazer tudo, ser político, sociólogo, assessor e organizador, mas falha na sua
missão especifica de sacerdote”. Caso nossos Bispos e mesmo nossos prelados
tenham olvidado em que consiste dita missão, o próprio Santo Padre acrescenta: “Sua
missão é glorificar a Deus sacrificando-se por seus irmãos, aos quais deve
comunicar a vida divina, mantendo permanente contato com Cristo”.
Não foi pensando nas instituições, conforme
veiculado nos meios de comunicação, que Dom Damasceno manifestou oposição ao
impeachment da presidente da república, pois as instituições já estão
seriamente comprometidas pela incúria e os descalabros do Partido que
galhardamente, e isso o reconhecemos, o bispo intenta defender.
Ademais, nenhuma palavra disse Dom Damasceno
em defesa das “instituições” sobre a aliança espúria do PT com os demais
governos populares bolivarianos através do Foro de São Paulo; nenhuma palavra
de comiseração foi dita por alguma autoridade eclesiástica a respeito da
situação desesperadora do povo venezuelano que sucumbe ante a chibata do
ditador Nicolás MADURO, sucessor de Hugo CHÁVEZ, governo considerado
democrático pelo Partido dos Trabalhadores o qual, inclusive, através de seu
presidente, Rui FALCÃO, emitiu uma nota de solidariedade ao presidente Maduro e
contra os seus opositores qualificados de “golpistas”; nenhuma palavra sobre o
aporte financeiro concedido através de fraude (de um crime, portanto), à
ditadura cubana através do Programa Mais
Médicos, conforme vídeo veiculado em uma rede de televisão.
Quando o crime se torna prática corriqueira
por parte dos que detém as rédeas do poder, falar em defesa das instituições
não passa de um disparate.
III
Por outro lado, a despeito do exposto acima,
causa perplexidade notar que muitos sacerdotes da DIOCESE DE TOLEDO estejam
fazendo uso do lugar santo para manifestar suas convicções políticas e fazer a
defesa do Partido hoje no poder. E o pior é a desfaçatez com que o fazem; é a
mentira de que fazem uso para ludibriar os incautos, para lhes fazer crer nos
bons propósitos de uma Reforma Política e de uma Campanha da Fraternidade que
em tudo se lhe assemelha. O que se está a fazer é a defesa (tal qual o fizera em
outros tempos o cínico Leonardo BOFF e o faz ainda o intragável frei BETTO) de
uma ideologia insana: O SOCIALISMO. O mesmo socialismo dos discursos de MADURO,
de Evo MORALES, de STÉDILE (o chefe do exército do MST como o denominou
recentemente o ex-presidente Lula e que tão bem o conhece a CNBB, através da
CPT); o socialismo, que segundo Gustave THIBON, esse sim um católico de fibra, “transforma
um povo que antes era livre em um povo de suplicantes e de mendicantes do
Estado”; o mesmo socialismo
que conforme a dicção do escritor católico francês Louis SALLERON “em todas
as partes quebra a sociedade. Destrói, desarraiga, reduz o valor do capital,
rompe todas as células e todos os vínculos do organismo social. Semeia a ruína
na desintegração”; o mesmo
socialismo considerado pelo filósofo tomista Marcel DE CORTE como “o mal
absoluto, subsistente, entronizado” e “a mentira metafisicamente
instituída”.
A militância inflamada de tantos Bispos e
prelados em favor de referida ideologia intrinsecamente
perversa faz com que reflitamos o vaticínio feito pelo famoso romancista
católico francês Georges BERNANOS, autor entre outras obras de Diário de um
pároco de Aldeia, no final de 1926, e confidenciado ao seu compatriota e
também escritor Henri MASSIS: “Creio que nossos filhos verão o grosso das
tropas da Igreja do lado das forças da morte. Eu serei fuzilado por sacerdotes
bolcheviques que levarão o Contrato social no bolso e a cruz sobre o peito”.
Apenas uma correção seria necessária: hoje os
sacerdotes não levariam o Contrato Social - famosa obra de ROUSSEAU – no bolso,
mas qualquer documento lavrado em um escritório da CNBB (como o doc. 91 “Por
uma Reforma do Estado com Participação Democrática” ou o perverso “A
Igreja e a Questão Agrária Brasileira no Início do Século XXI”, aprovado na
52ª Assembleia Geral), e se levassem a cruz no peito, ela não teria qualquer
significado.
IV
Por
derradeiro, não se esperava que nossos Bons Pastores tivessem a mesma atitude e
a mesma coragem daquele personagem do polemista inglês G. K. CHESTERTON, em A
Esfera e a Cruz, que quebrou a bengaladas as vidraças do jornal que ofendia
Nossa Senhora, pois sabemos que seria pedir muito, mormente em uma época de
pluralismos em que qualquer afirmação mais contundente soa reacionária.
Esperava-se apenas que não dessem mau exemplo.
O problema da
CNBB e o de muitos prelados “novidadeiros” é identificar ou confundir: o
sagrado e o profano; o natural e o sobrenatural; a Igreja e o mundo; a Teologia
reduzida ou substituída por uma antropologia naturalista; a concepção de um
Deus distante que não intervém no mundo do homem. Tudo isso está em pugna com a
teologia católica e os autênticos ensinamentos da Igreja. Para esclarecer
digamos: o homem se faz cristão pelo caráter sacramental do batismo; bom
cristão pela graça santificante e as virtudes infusas.
É um fato, e lamentamos dizer, que os Bispos
deveriam ser a luz do mundo, que conhecessem a doutrina e a defendessem, e não
um grupelho de mercenários incrustados na CNBBdoPT, cujo único interesse é o
bem viver; o mesmo pecado dos dirigentes do povo eleito comete hoje a hierarquia
em geral, sem negar a exceção que confirma a regra (que isso fique bem claro).
Hoje muitos se perguntam horrorizados: onde está o clero? Onde está a hierarquia
da Igreja Católica que defenda o rebanho e o apascente com a luz e se
necessário morra com as ovelhas? Brilham por sua ausência; daí o estado
calamitoso e deplorável em que nos encontramos, por esta deserção da hierarquia
ante a Verdade. E por não seguir o exemplo do Bom Pastor, convertendo-se assim
em fariseus, quanta gente se perde pelo mau exemplo...
Para finalizar, rogamos encarecidamente que
nossos Bispos, prelados e leigos entendam que, conforme o sereno, porém
enérgico conselho de um bom “cura” argentino, o padre Leonardo CASTELLANI, “se
nosso país já descristianizado e presa fácil de politiqueiros, hereges e homens
astutos, há de ser salvo, o será pela permanente devoção à Maria Santíssima...”
e que “qualquer ação política sadia entre nós deverá ter a frente a Mãe de
Deus, vencedora de todas as heresias e exorcista de todos os demônios”. É
pedir muito?
Toledo, 30 de março de 2015.
Festa de São João Clímaco
Fernando RODRIGUES...
... um mísero pecador envergonhado.
Texto muito bem escrito e mais importante que isso: verdadeiro.
ResponderExcluirParabéns Fernando. Viva Cristo Rei!
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