“Hoje o homem está a tal ponto decaído
relativamente à sua humanidade, que pede a liberdade à burocracia estatal, a qual,
em si mesma, enquanto “máquina”, é irresponsável e, por isso, estranha à liberdade.
Parece que hoje os homens só se sentem seguros “agregando-se”, fazendo massa ou
rebanho: pagam a “segurança” social com a renúncia a ser, eles próprios,
pessoas; em compensação, contentam-se com isto de que a liberdade lhes seja
concedida sobre um fólio de carta oficial, com selos e assinatura. O Estado,
assim, em vez de ser a garantia dos direitos naturais do homem, é a “máquina”
que os produz, que os dá, que os retira e suprime, os ofende e os insulta
quando quer, sob pretexto da “salvação pública” e de “interesses superiores”.
Superiores a que?... A despersonalização do homem, a renúncia a si mesmo,
puseram o próprio homem “em discussão”, e já não há salvação pública para ele:
o Estado devora-o, digere-o e excrementa-o como lhe é cômodo. É este hoje o
sentido verdadeiro, brutal, desumano das chamadas “novas formas sociais”, nas
quais o espírito já não tem lugar, il n’y a pas de place”.
___ Michele FEDERICO SCIACCA. A hora de Cristo,
Liboa-São Paulo: Aster/Flambyant, 1959, p. 25.
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