''Toda mulher deve desposar a
carreira do marido; o centro de gravidade da família é sempre a ocupação do
pai. Aí está situada a vida produtiva, por conseguinte também o dever
fundamental. Mas isso é tanto mais verdadeiro quanto mais nobre e laboriosa for
a carreira que ele abraçou. A vida em comum tem aqui por centro um cume; a
mulher deve nele se instalar, em lugar de tentar afastar dele o pensamento
viril. Arrastá-lo para bobagens sem relação com suas aspirações é fazer o
marido perder o apetite por ambas as vidas que se contradizem entre si. (…) Os
conflitos ocasionados pela incompreensão da alma gêmea são fatais à produção;
eles levam o espírito a viver numa inquietação que o corrói; não lhe sobra
nenhum entusiasmo e nenhuma alegria, e como poderia um pássaro voar sem asas, o
pássaro e alma sem seu canto?
Que a guardiã do lar não seja,
assim, o gênio maldoso, que ela seja a musa. Tendo desposado uma vocação, que
também ela tenha vocação. Realizar por si ou pelo marido, tanto faz! Ela tem de
realizar, contudo, já que ela constitui com aquele que realiza uma só carne.
Sem precisar ser uma intelectual, menos ainda uma mulher de letras ou uma
metida a literata, ela pode produzir bastante ajudando seu marido a produzir,
obrigando-o a controlar-se, a dar o máximo de si, ajudando-o a reerguer-se na
hora das inevitáveis quedas, endireitando-o quando ele vacilar, consolando-o
das decepções sem muita insistência para não ressaltá-las, acalmando-o na
aflição, tornando-se sua grata recompensa depois da labuta''.
******
A.-D. Sertillanges. A
Vida Intelectual, Cap. III A organização
da vida, p. 49.
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