“Quais são os critérios para julgar e avaliar a
‘dignidade’ e a ‘aceitabilidade’ de uma vida? A saúde? O bem-estar social ou
econômico? A aceitação pela própria família, pela sociedade ou pelo vivente
mesmo? Quem decidirá a avaliação e a aplicação desses critérios? Quem tem poder
para decidir a vida ou a morte? Se este “direito” ficar nas mãos do
Estado, este poderá decidir sobre quem há de viver e quem não. Se considera
exagerada esta possibilidade? Se dirá que é contraditório com um regime
constitucional pluralista, e, portanto, inadmissível. Mas os fatos são
evidentes e a proximidade de uma liberação da eutanásia assim como a da já
efetuada liberação do aborto, permitem pensar que tudo pode acontecer. Estes
acontecimentos nos fazem pensar no que, com razão, tão duramente se criticou e
se repeliu do regime do Terceiro Reich: a seleção da raça. E se se imagina que
a eliminação dos sujeitos “defeituosos” não voltará, o exemplo do aborto
eugenésico dá margem para pensar o contrário. E se a esterilização é
defendida aduzindo motivos de superpopulação, seria impensável o ser por
motivos eugenésicos? Dai o perigo de uma “nova moral” baseada em um pretenso
humanismo biológico submetido a um totalitarismo cientifico”.
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María
del Carmen Fernández de la CIGOÑA CANTERO. Bioética y tecnocracia”, Verbo,
Madrid, ns. 315-316, 1993, p. 522-523.
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