sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O ORATÓRIO ANTIGO E POBRE

O oratório antigo e pobre
cheirando a flor murcha e a cera.
Ao lado, uma vela acesa.
Lá dentro, um senhor dos Passos
que me fazia aflição;

tão doloroso e cansado,
tão carregado de sombra,
o corpo todo dobrado,
o joelho tocando o chão.

Em torno, o silêncio... A vela
abria uma vaga auréola
no fundo azul da penumbra.
Eu olhava, de olhos baços...
E, no entanto, não sabia
de que distância Ele vinha,
de que imensa solidão.
Nem mesmo, Senhor, sabia
que Teus pés ainda dariam
tantos passos, tantos passos -
antes que um dia chegasses
ao meu triste coração.


Tasso da Silveira

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