quarta-feira, 20 de setembro de 2017

CONCEPÇÃO SACRAL DA VIDA RURAL

“A vida rural teve muito a ver com a vida religiosa dos lavradores. A Igreja cuidou que as principais festas do ano litúrgico coincidissem sempre que possível com o ciclo das estações e as fainas do campo correspondentes, realizando-se assim uma interessantíssima comunhão entre a vida espiritual e o acontecer cósmico. O sino da paróquia ou do convento conferia à existência camponesa um ritmo não só cronológico, mas também sacral. Pouco antes da aurora tocava a laudes e encerrava a jornada na hora das vésperas. Deste modo, a oração matutina e a prece vespertina marcavam o trabalho, conferindo-lhe uma significação transcendente. Os dias de festa eram numerosos, muito mais que em nosso tempo. Tanto aos domingos como nos dias festivos os camponeses assistiam à Santa Missa e com frequência aos ofícios das Horas canônicas. Participavam também das procissões, presenciavam nos átrios representações teatrais dos mistérios sagrados, ouviam sermões e homilias, aprendiam o catecismo. Tudo isso somado às visitas domiciliares dos sacerdotes, constituía uma espécie de cátedra ininterrupta para sua educação nos princípios da fé da moral. Toda a existência do camponês pulsava ao ritmo estabelecido pela Igreja. Desde o nascimento até a morte, passando pelo matrimônio e as enfermidades, os momentos fundamentais de sua vida eram sublimados pelo alento sobrenatural da liturgia”.
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Alfredo SÁENZ S.J. La Cristiandad y su Cosmovisión, P. 151-152.

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