“A vida rural teve muito a ver com a
vida religiosa dos lavradores. A Igreja cuidou que as principais festas do ano
litúrgico coincidissem sempre que possível com o ciclo das estações e as fainas
do campo correspondentes, realizando-se assim uma interessantíssima comunhão
entre a vida espiritual e o acontecer cósmico. O sino da paróquia ou do
convento conferia à existência camponesa um ritmo não só cronológico, mas
também sacral. Pouco antes da aurora tocava a laudes e encerrava a jornada na
hora das vésperas. Deste modo, a oração matutina e a prece vespertina marcavam
o trabalho, conferindo-lhe uma significação transcendente. Os dias de festa
eram numerosos, muito mais que em nosso tempo. Tanto aos domingos como nos dias
festivos os camponeses assistiam à Santa Missa e com frequência aos ofícios das
Horas canônicas. Participavam também das procissões, presenciavam nos átrios
representações teatrais dos mistérios sagrados, ouviam sermões e homilias,
aprendiam o catecismo. Tudo isso somado às visitas domiciliares dos sacerdotes,
constituía uma espécie de cátedra ininterrupta para sua educação nos princípios
da fé da moral. Toda a existência do camponês pulsava ao ritmo estabelecido
pela Igreja. Desde o nascimento até a morte, passando pelo matrimônio e as
enfermidades, os momentos fundamentais de sua vida eram sublimados pelo alento
sobrenatural da liturgia”.
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Alfredo SÁENZ S.J. La Cristiandad y su Cosmovisión, P.
151-152.
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