Centralização significa a absorção
de toda a atividade dos corpos intermediários e mesmo dos indivíduos pelo
Estado. Esta absorção cresce desde a famosa francesada de 1789 até hoje, de
modo que é possível dizer que hoje todos os Estados são tiranias. O maior
ladrão de qualquer Estado é o Governo. O publicista Bertrand de Jouvenel, em
seu denso tratado O Poder, compreende que essa absorção é inevitável no Estado,
que o crescer é essencial ao Estado. Deveria ter acrescentado a condicionante: a
menos que outro não o impeça. Com efeito, a função natural dos poderes parciais
e relativos (Família, Município, Grêmio, Dinheiro, Universidade, Exército) é
limitar o poder, em si açambarcador, do Poder Central.
Hoje em dia o Estado faz de tudo,
menos, às vezes, o que deveria fazer. De sapateiro a construtor de casas, o
Estado se mete em tudo... Você não pode publicar um livro sem ter o Fisco em
cima. O Fisco sangra toda a atividade produtiva e inclusive monopoliza a maior
parte das atividades produtivas.
Mas onde o Estado se mostra mais
zeloso e por isso mesmo mais danoso é no Monopólio do Ensino. O Estado é o mestre
de part Dieu – que digo? -, é o Mestre
dos Mestres, o Mestríssimo. Direta ou indiretamente é o que transmite a -
chamemo-la assim – Educação, diretamente nas escolas ‘publicas’, indiretamente
nas escolas mal chamadas ‘privadas’.
Esta aberração de o “Político” se
meter a reger ou a fazer o que lhe toca, sem aptidão, nós copiamos da Terceira
República francesa e esta copiou de Juliano, o Apostata, com o fim de perseguir
a Religião. Napoleão também o fez, mas com fim diverso. É o dogma mais
acariciado do futuro Estado socialista e é o credo do Anticristo. Os pais têm o
dever e o direito de educar seus filhos, a Igreja tem a missão de ensinar a
religião. O Estado é político e não educador, a não ser para subjugar a educação à
política, e nesse caso, à infidelidade.
“Greve dos trabalhadores da Educação”.
Este enunciado grotesco é a criada respondona que se tornou como que a divisa
do Estado Ensinante. Está acontecendo aqui o se passou na França, a saber: o
Estado Anticlerical fundou a Escola Normal Superior, que devia forjar todos os
mestres superiores, e reservou para si o poder de habilitar os mestres comuns.
Queria fazer dos ensinantes os “soldados da República”, como se expressou Jules
Ferry, ou seja, aqueles que inocularam nas crianças indefesas o laicismo e o
anticlericalismo.
Com efeito, como resultado lógico
ocorreu que os mestres se fizeram comunistas, e começaram a dar dor de cabeça à
‘República laica, una e indivisível’, com greve atrás de greve começando por pedir
‘aumentos de salário’...
Quando o dano ou o escândalo se
torna intolerável, o Governo cede e aumenta os salários e os trabalhadores da
Educação se reintegram ao trabalho de educar, depois de haver dado o mau
exemplo de deseducar. ‘Os soldados da República’.
Aqui neste país, o monopólio da
educação é responsável pela decadência da educação; e a decadência da educação
é responsável, em grande parte, pela decadência da República.
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Leonardo CASTELLANI. Prólogo
al libro Nociones de comunismo para católicos , de Enrique Elizalde, In. Seis
Ensyos y Tres Cartas, Buenos Aires: Ediciones Dictio, Buenos Aires, 1973, p.
142-144.
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