sexta-feira, 17 de abril de 2015

A CRISE DO MUNDO MODERNO

A crise que afeta o mundo moderno e contemporâneo é crise de fundamento, de um fundamento absoluto da verdade e dos valores humanos; “ruptura” entre Deus e o homem. A sociedade hodierna, excetuando núcleos isolados, encontra-se “desintegrada”, é uma sociedade de homens intelectual e moralmente desintegrados: falta-lhe a unidade fundamental. Esta falta é também advertida pelos responsáveis por tal desintegração. Daqui a reconhecida necessidade do absoluto, que o pensamento moderno, a começar no século XVI, pensou poder dispensar ou substituir, absolutizando os valores humanos válidos como tais, sempre necessitados de se fundarem sobre o absoluto, ou de o testemunharem. Mas este absoluto constitui o objeto próprio da metafísica; então, o mundo moderno julgou que podia dispensá-la. Àquilo que a filosofia chama absoluto, com mais gravidade e sem possibilidade de equívocos, a teologia chama Deus; ainda uma vez a ilusão do pensamento laicista se revela com o julgar poder prescindir de Deus. Perdido Deus, perdeu-se o homem, o fundamento do homem e o seu fim supremo. Sem Deus, a vida humana despedaça-se e dispersa-se, desintegra-se. A carência de absoluto, hoje, é carência de Deus, após a queda de tantos e tantos mitos.


Michele Federico SCIACCA.  A hora de Cristo, Lisboa-São Paulo: Aster-Flamboyant, 1959, p. 49. 

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