“A ação revolucionária... não tem finalidade
(no sentido filosófico do termo). Ela busca dinamizar incessantemente o élan de
destruição dos fundamentos naturais do homem e da sociedade. Tem em mira apenas
o seu próprio poder de transformação radical dos costumes e das tradições... A
Revolução social desde o início tende a tornar a sociedade a tal ponto fechada
sobre o temporal, tão totalitária nas suas estruturas e nos seus costumes que, depois
de obter uma série de garantias econômicas e
sociais, os trabalhadores acabarão por ter o penoso sentimento de que chegam a
perder a vida ao ganhá-la. De social que era, a Revolução torna-se pura
organização técnica. Os homens, os grupos humanos são reduzidos à categoria de
engrenagens que devem articular-se mecanicamente umas nas outras.
Insensivelmente, a Revolução, que era social, tornou-se prioritariamente
estrutural e econômica (...). Num tal deserto povoado de cimento, de ferro e de
estatísticas, e feito de mecanismos tão estreitamente imbricados que nenhuma
margem é deixada à fraqueza e ao erro, o homem se resseca, se endurece, e num
ultimo sobressalto da natureza, se revolta. Como no último quarto de hora de
uma agonia estúpida, o homem revoltado dispõe-se a tudo quebrar para fazer
jorrar um pouco de seiva (...) No meio do pesadelo em que a sociedade vai
afundando, a moral, as instituições, a ordem estabelecida, a autoridade
desaparecem sob a forma de pressões compactadas, como uma casamata estreitamente
cerrada que é preciso dinamitar a fim de reconquistar o ar, a luz, a saúde da
alma e do corpo”.
___ Jean BEACOUDRAY. Revolução e cultura
sindical. Comunicação ao V Congresso do Ofício Internacional das Obras de
Formação Cívica e Ação Cultural segundo o Direito Natural e Cristão, 5 a 7 de
abril de 1969, p. 35-36.
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