quarta-feira, 6 de maio de 2015

A AÇÃO REVOLUCIONÁRIA

“A ação revolucionária... não tem finalidade (no sentido filosófico do termo). Ela busca dinamizar incessantemente o élan de destruição dos fundamentos naturais do homem e da sociedade. Tem em mira apenas o seu próprio poder de transformação radical dos costumes e das tradições... A Revolução social desde o início tende a tornar a sociedade a tal ponto fechada sobre o temporal, tão totalitária nas suas estruturas e nos seus costumes que, depois de obter uma série de garantias econômicas e sociais, os trabalhadores acabarão por ter o penoso sentimento de que chegam a perder a vida ao ganhá-la. De social que era, a Revolução torna-se pura organização técnica. Os homens, os grupos humanos são reduzidos à categoria de engrenagens que devem articular-se mecanicamente umas nas outras. Insensivelmente, a Revolução, que era social, tornou-se prioritariamente estrutural e econômica (...). Num tal deserto povoado de cimento, de ferro e de estatísticas, e feito de mecanismos tão estreitamente imbricados que nenhuma margem é deixada à fraqueza e ao erro, o homem se resseca, se endurece, e num ultimo sobressalto da natureza, se revolta. Como no último quarto de hora de uma agonia estúpida, o homem revoltado dispõe-se a tudo quebrar para fazer jorrar um pouco de seiva (...) No meio do pesadelo em que a sociedade vai afundando, a moral, as instituições, a ordem estabelecida, a autoridade desaparecem sob a forma de pressões compactadas, como uma casamata estreitamente cerrada que é preciso dinamitar a fim de reconquistar o ar, a luz, a saúde da alma e do corpo”.


___ Jean BEACOUDRAY. Revolução e cultura sindical. Comunicação ao V Congresso do Ofício Internacional das Obras de Formação Cívica e Ação Cultural segundo o Direito Natural e Cristão, 5 a 7 de abril de 1969, p. 35-36.

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