“Não, não é apenas a Igreja católica,
sua hierarquia e suas instituições que a Revolução Francesa visa desterrar da
ordem civil, política e social. Seu princípio e seu objeto é eliminar o
cristianismo por inteiro; ater-se unicamente ao que seus filósofos chamam dados
da natureza e da razão. A Revolução é a sociedade descristianizada; é Cristo relegado
ao fundo da consciência individual, separado de tudo o que é público, de tudo o
que é social; desterrado do Estado, que já não procura em sua autoridade a consagração da sua própria; desterrado das leis,
das quais sua lei não é nem mesmo a
regra soberana; desterrado da família, constituída sem a sua benção; desterrado da escola, onde seu ensino não é mais a alma da educação; desterrado da ciência, onde
obtém, por homenagem, nada mais que certa neutralidade não menos injuriosa que
a contradição; desterrado de todas as partes com exceção, talvez, de um pequeno
rincão da alma, aonde se consente em deixar-lhe
um vestígio de dominação. A Revolução é a nação cristã desbatizada, repudiando sua fé histórica tradicional e pretendendo
reconstruir-se fora do Evangelho, sobre as bases da razão pura, e que viria a ser
a única fonte do direito e a única regra do dever. Uma sociedade que não tem outro
guia, que as luzes naturais da inteligência, isolada da Revelação, nem outro
fim, que o bem estar do homem neste mundo, feita abstração de seus fins
superiores e divinos; eis aqui em sua ideia essencial, fundamental, a doutrina
da Revolução”.
___ Mons. FREPPEL. La Revolución Francesa: con motivo del centenario de 1789, Trad. de Don
Francisco Pons Boigues, Madrid: Biblioteca de "la ciencia cristiana",
1889, pp. 21-22.
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