O sacerdote de
Deus, o homem consagrado pelo Bispo que é o próprio Cristo, também recebe o
paramento. O ouro, a seda, a púrpura entram no seu vestuário para o espanto do
mundo que só vê nisso a "pompa" da Igreja, o alarde dos recursos
financeiros da cúria. O sacerdote veste o ouro e a seda, veste a Glória por
cima do hábito da penitência, realizando uma consumação terrível como aquela da
cruz.
O reino de Deus se
encontra com o Reino de Deus, a prontidão escatológica passa no ato de Glória,
vive a presença do Rei. Repete-se a experiência da cruz na pessoa do sacerdote
mas aqui, lembrando a crucificação de Pedro, o que nos ombros consagrados não é
a penitência, é a Glória. O paramento crucifica. A Glória de Deus pesa, esmaga.
Contam que Pio XI, nas grandes solenidades sentia a tal ponto a enorme carga da
Glória do Senhor que aparecia com uma palidez cadavérica. Um imenso e
acabrunhante "non sum dignus" apertava-lhe o coração piedoso.
Mas no burguês não. Nele o manto não pesa. Não o deve a ninguém,
comprou e pagou. Vestiu-se. Consagrou-se. Cada um deles é um universo fechado,
um Deus.
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Gustavo CORÇÃO. Rostos, roupas e paramentos, A
Ordem, Julho de 1942.
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