“A
diminuição da fé, que produz a diminuição da verdade, não leva consigo, forçosamente,
a diminuição, mas o extravio da inteligência humana. Por isso, todos temos
visto passar diante de nossos olhos esses séculos de altíssima cultura, que têm
deixado empós si um sulco, menos luminoso que inflamado, na prolongação dos
tempos. Ponde,contudo, neles os vossos olhos: olhai-os bem – uma vez e outra
vez – e vereis que seus resplendores são incêndios que não iluminam, mas apenas
relampagueiam. Qualquer um diria que sua iluminação procede da explosão súbita de
matérias em si obscuras, mas inflamáveis, antes que das puríssimas regiões onde
se engendra aquela luz aprazível, dilatada suavemente nas abóbodas do céu, com
soberano pincel, por um pintor soberano (...)
A
inteligência dos incrédulos pode ser altíssima, a dos crentes humilde: a
primeira, porém, não é grande senão à maneira do abismo; ao passo que a segunda
é santa, à maneira de um tabernáculo; na primeira, habita o erro, na segunda a
verdade. No abismo está, com o erro, a morte; na segunda, com a verdade, a vida
(...)
Por
essa razão, para aquelas sociedades que abandonam o culto austero da verdade
pela idolatria, não há esperança alguma. Após os sofismas, vêm as revoluções, e
após os sofistas, os verdugos”.
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Juan DONOSO CORTÉS. Ensayo sobre el Catolicismo, el
liberalismo y el Socialismo. Buenos Aires: Editorial Americalle, p. 25.
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