sábado, 23 de maio de 2015

O MAGISTÉRIO DOS ARQUÉTIPOS

Abandonamos o magistério dos heróis, das mais altas excelências de vida, para conformarmo-nos “cada vez mais aos procedimentos da natureza”, mecanizada, impessoal e cega. E é, todavia, uma pseudofilosofia empírica e utilitária, com seu cortejo de virtudes pequeno-burguesas, a que fundamenta nossa pedagogia oficial. Compreende-se que o materialismo em todas suas formas, que se reduzem sempre ao tipo ideológico forjado pela experiência sensível o sentido econômico das coisas, tenha um caráter eminentemente populista e tenha gozado sempre do favor da multidão. Somente uma mentalidade pequena é capaz de hipóteses tão grosseiras como o evolucionismo darwinista ou o materialismo histórico. Somente a vulgaridade irremissível da época pode consagrar-lhe seu entusiasmo e sua devoção. Platão, primeiro entre os pares da mais alta aristocracia da inteligência que já existiu, assinalou a origem plebeia de toda forma de empirismo e de utilitarismo. Isto não exclui a presença de qualidades respeitáveis nos depositários desse espírito pragmático: capacidade de trabalho, tenacidade, exatidão, paciência, pontualidade etc.. Ao contrário, é sinal inequívoco de autentica aristocracia do espírito a veneração da antiguidade e o orgulho de uma origem elevada; afirmar os mesmos princípios e as mesmas razões últimas que foram reconhecidas e respeitadas no passado; querer que a mesma fé a mesma identidade dos antecessores sejam ainda hoje nossa fé e nossa fidelidade.
O ódio à antiguidade e aos valores permanentes é o sinal da mediocridade irrevogável. As almas plebeias não reconhecem normas imutáveis nem arquétipos definitivos; confundem o respeito com a urbanidade e o pudor com a higiene. Os materialistas expõem este incurável ressentimento contra o ser, em linguagem mais direta e mais clara que seus tímidos sequazes: “Tudo o que existe merece perecer”, declara Engels e aderem todos os amantes do progresso indefinido, para quem a Idade de Ouro está sempre no porvir... O empirismo que informa nossa pedagogia liberal é a filosofia típica dos pequenos burgueses; uma espécie vergonhosa de materialismo, uma forma dissimulada, oportunista e farisaica dessa mesma ideologia que se expressa na linguagem cínica e audaz dos doutrinários marxistas. É uma linguagem própria dos tíbios e dos cômodos, cujo léxico padecemos longamente nas escolas: evolução, adaptação ao meio, seleção natural, progresso indefinido, livre pensamento, expansão ilimitada da individualidade, tolerâncias, liberalidade, humanidade etc.
O recurso crítico empregado igualmente por empiristas e materialistas é a historia natural do espírito e de seus bens transcendentes ou objetivos: religião, filosofia, arte, moral e direito. Uma vez que se fixa a origem da crença religiosa na ignorância e no temor, e se faz radicar a especulação filosófica em um estado oculto da inteligência; uma vez que o espírito e seus conteúdos próprios são reduzidos por essa crítica perversa às condições materiais ou razões externas de sua existência, não resta outro princípio que a utilidade para forjar uma explicação universal do destino do homem, nem outro fundamento que a economia para construir a sociedade, nem outro método cientifico que o experimental para dar um sentido positivo ao esforço e assegurar a melhora progressiva das condições de vida, fim ultimo de todos os afãs do homem.
Assim se chega a propor como progresso a substituição do magistério do modelo divino e dos grandes homens, por essa tendência da vida do individuo e da sociedade a imitar os processos mecânicos do mundo físico e o equilíbrio das forças cegas, que estuda a ciência empírico-matematica da natureza. É o programa de socialização radical da economia e da nivelação completa dos indivíduos, mediante sua adaptação e ajude a uma administração coletiva da Sociedade, mercê a um processo que converta a comunidade de todos os homens em um imenso mecanismo de produção e distribuição coletivas, onde cada indivíduo não seja mais que uma ínfima peça articulada com todas as demais. A força resultante dessa combinação de elementos insignificantes em si e facilmente substituíveis teve poder suficiente como para assegurar o máximo de bem estar e de estabilidade a todas as pelas do conjunto.  Se conseguiu desse modo o extremo envilecimento do homem, a escravidão irremediável do individuo à espécie. Se a inteligência não tem em nós mais que um mero valor de instrumento de trabalho, os indivíduos e os povos não são mais que funções de melhoramento indefinido das condições materiais da vida, que acompanharão os sempre novos exemplares da espécie.
Ocorre, pois, que o homem se manifesta como instrumento das condições externas de sua existência, em lugar de serem estas, o meio para a perfeição de seu ser e para o cumprimento de seu fim político e espiritual. Tais são os caminhos para onde leva essa pedagogia liberal e cosmopolita que suportamos durante sessenta anos e que comprometeu, mais que nosso patrimônio material, a existência mesmo de nossa individualidade moral e política. A educação estrutura sobre os valores utilitários, desvinculada da formação ética da pessoa, que prega um pacifismo internacionalista, o menosprezo da Cruz com seu laicismo beligerante e o menosprezo da Espada com seu ódio aos homens que a levantam, necessitava ser reintegrada a sua verdadeira função especifica: a de formar o homem no conhecimento da verdade e na vida da justiça, quer dizer, no serviço de Deus e da Pátria. A tarefa primordial consiste em reestabelecer a hierarquia da inteligência mediante o cultivo da filosofia perene, cujas fontes vivas são os grandes mestres clássicos – Platão, Aristóteles, santo Agostinho e Santo Tomás -; assim como beber daqueles exímios doutores da Espanha Imperial, mestres de doutrina oral e jurídica como Vitória e Suárez, a fim de devolver à Política seu status de ciência arquitetônica e à antiga prudência aos varões esclarecidos, que terão presente na legislação temporal e perecível, a contemplação da verdade eterna a ordem imutável do ser.
À política educacional, no que atine a formação do caráter nas almas juvenis, se propõe restituir a pedagogia dos Santos e dos Heróis a fim de que voltem a brilhar na conduta do cidadão, a fortaleza, a prudência e a justiça dos modelos escolhidos. O cumprimento desse ideal educativo, solidamente estabelecido, dará como resultado a aparição de cidadãos exemplares nos quais se integrará uma alma serena e firme com um espírito vivo e brilhante...


____ Jordán Bruno GENTA. El magistério de lós arquétipos de la nacionalidad, 20 de junho de 1944, pp. 100-104.

domingo, 17 de maio de 2015

MASSIFICAÇÃO E ISOLAMENTO

“Estas noções - de responsabilidade pessoal, de solidariedade orgânica e hierarquização social – são particularmente importantes se queremos trabalhar seriamente para o reestabelecimento do equilíbrio humano em um Mundo ameaçado pelos efeitos do gigantismo social... e quanto mais nos afastarmos dos equilíbrios naturais, mais passaremos a depender, de forma crescente, da tecnocracia, correndo o risco de oscilar para um mundo ajustado quantitativamente, um mundo de grandes conjuntos abstratos no qual se amontoam multidões de indivíduos isolados. Massificação e ao mesmo tempo isolamento. Não é este por acaso o paradoxo característico da vida moderna? Amontoamento e isolamento em vastas concentrações industriais nas quais o excesso de especialização técnica tende a destruir as solidariedades profissionais. Amontoamento e, ao mesmo tempo, isolamento dos indivíduos desarraigados de seus ambientes naturais, mas reagrupados mecanicamente na ação de massas políticas, sindical ou de outro tipo semelhante. Quanto mais asfixiante e massificador se converta a sociedade, mais risco correrão os indivíduos, em busca de refúgios humanos e de ambientes protetores, de precipitar-se nas emboscadas das organizações fictícias e da propaganda que acossam com mil excitações exteriores a vida das massas modernas”.


___ Michel de PENFENTENYO. La Formación de los Hombres por los Oficios y las Profesiones, Revista VERBO, Serie XII, núm. 119-120, Madri: novembro-dezembro de 1973, p. 1.004.

sábado, 16 de maio de 2015

O HOMEM QUE NUNCA HAVIA REZADO

O celebre novelista argentino Hugo WAST enviou este escrito para uma revista literária mexicana – Abside – em 1957. Até onde sabemos, parece que apenas foi publicado nesta revista não aparecendo em nenhuma de suas obras, pelo que cremos que é praticamente inédito. Fizemos sua tradução especialmente para os leitores de nosso blog.


Ia morrer: No sorriso artificial de todos, que tratavam de enganá-lo anunciando-lhe uma próxima melhora, via que ia morrer.
Não tinha fé, nem caridade, nem esperança.
Nunca havia rezado e se jactava disso, como de uma façanha; não tinha apego à vida, nem temor da morte.
Dentro de uma hora, de duas, no máximo três, deixaria de viver.
Pediu que se afastassem para dormir um pouco e fechou os olhos.
Queria espiar os mínimos detalhes de seu próprio perecimento: uma imensa curiosidade; algo pueril, incrível.
A curiosidade do incrédulo que quis deliberadamente construir seu próprio Deus, para adorar sua própria obra, que é como adorar-se a si mesmo. Ao final, ver como se porta esse Deus.
Sua doença era uma anemia sem dores, que lhe deixava livre o espírito para espiar a chegada da morte. Queria estar acordado, porque se dormia, não despertaria nunca mais.
Já não tinha fé nem em si mesmo, seu único Deus.
Relampejava em seu cérebro uma duvida fastidiosa: se para além da cortina negra que logo iria descorrerse, haveria algo distinto do que havia pensado. Para assistir ao ultimo minuto de sua vida e o primeiro de sua morte, com lúcido entendimento, havia se negado tomar qualquer droga que pudesse enturbiárselo.
Sua curiosidade começava a inquietá-lo. Como que se encontraria quando o braço descarnado da morte descorriera a negra cortina? Veria o que antes nunca quis ver? Um Deus talvez? Mas não um deus feito por suas mãos, senão esse Deus eterno, onipotente, ao qual nunca havia rezado?
Tantas vezes afirmou diante dos homens que Deus não fazia falta para compreender nenhuma das coisas do universo, que acabou por creerlo; e sem a existência de Deus houvesse dependido dele, quer dizer, se tivesse em suas mãos apagar do universo esse Deus desnecessário, o faria tranquilamente.
Imediatamente pensou que morrer não era passar ao outro lado de uma cortina negra. Posto que não tinha força nem sequer para mudar de lado em sua própria cama, morrer seria cair a plomo em um abismo escuro e afundar sem ruído em uma água cenagosa, pestífera, que se cerraría sobre sua cabeça.
Fora um ou outro, além dessa cortina ou na profundidade dessa ciénega hedionda, não se depararia, de repente, com essa Luz que ele havia apagado no mundo, Luz que lhe clarearia as coisas que já não poderia mudar, porque já concluído o tempo para ele?
Um suor gelado banhou seus membros e a língua se lê pego ao paladar.
Tentou gritar e pedir que lhe trouxessem alguém com quem falar secretamente nestes últimos minutos, em que ainda podia mudar sua eternidade.
Mas de sua garganta não saiu mais que um estertor.
- Ainda está vivo. Ouviu que alguém dizia, tocando seu pulso.
Sim, estava vivo e queria que entendessem que precisava o que sempre havia rechaçado, algumas vezes com escárnio (burla) e desprezo e outras com tal ódio e fúria que agora ninguém proporia. E sua língua já estava morta.
 Lembrou-se que pertencia a uma sociedade de incrédulos que haviam se comprometido a não pedir auxílios religiosos na hora da morte e não atender a pedidos que algum deles fizesse naquela aflição, porque seria sinal de reblandecimiento cerebral. Retratavam-se antecipadamente dessa possível debilidade quando estavam no pleno domínio de sua inteligência e de sua vontade.
Ele se encontrava prisioneiro daquele juramento e rodeado de amigos que não o escutariam, ainda que gritasse a noite toda.
Havia renegado a Luz e a Luz havia se retirado dele. Havia pecado contra o Espírito.
Com suas próprias mãos havia construído seu deus, um deus em que já não acreditava. E já, tampouco, sentia pavor senão pavor do que encontraria. Oh, se fosse certo que para além da morte não existisse nada! Eis aqui que ele, pregador do Nada, agora acreditava que havia mentido para os outros e havia mentido para si mesmo.
Ouviu o médico que em voz baixíssima disse: - Já está morto!
E essa sentença prematura gelou de tal modo seu coração sem caridade, que não pode engendrar um só pensamento cristão. O tempo acabou. Deu um grito espantoso, que não chegou a sair de sua garganta, e caiu a plomo na água negra e pestilenta.
A escuridão era tão imensa, que ao seu lado as mais sombrias trevas do mundo pareceriam luminosas.
Neste momento sentiu a voz de um anjo que cantava o Nome que está acima de todo nome, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. E ocorreu o que disse São Paulo, que ao ouvir-se o nome de Jesus todo joelho se dobra nos céus, na terra e nos infernos.
E se abriu a porta de bronze que nenhum fogo funde, e o homem que nunca havia rezado por não ajoelhar-se ante ninguém, entrou de joelhos nos infernos.
Oh, prodígio! A escuridão era ali muito mais densa, mas os olhos do condenado a transpassavam como flechas vermelhas; e viram que ali havia penetrado a voz do anjo, e aquele mundo de impenitência o escutava de joelhos. E mais além, muito mais além, divisou ao que por toda a eternidade ia ser seu rei e senhor, rodeado de uma multidão de sombras pálidas, muito tristes, ajoelhadas. E compreendeu que o diabo formava sua escolta predileta com o que nunca havia rezado e que só nos infernos se ajoelhavam.
E compreendeu também uma coisa terrível, que ele mesmo dava fé: que nenhum só deles havia sido verdadeiro ateu. Todos, no segredo de sua obstinação, haviam acreditado em Deus, mas não haviam confessado para não humilhar-se ante Ele, nem na escuridão de um aposento. Agora, ao dobrar seus joelhos com espantoso rugir de ossos, sentiam o pior dos tormentos do inferno [Nota: a privação de Deus]; mas sua obstinação era tão grande, que se pudessem escapar por algum resquício das irredutíveis portas, nenhum deles se arrependeria, por não rezar ao que nunca haviam rezado.
Suas almas estavam irremediavelmente secas para o Amor que nasce na humilde oração.
Foi tão horroroso seu desespero que deu um alarido e ouviu seu médico dizer: - Me equivoquei! Ainda vive! Mas logo perecerá. 
Entendeu que havia sonhado aqueles horrores e se arrependeu de sua insensatez. E com esforço desesperado conseguiu articular estas palavras: - Traga-me um sacerdote!
Uma pobre empregada, que não estava sob o juramento dos incrédulos lhe obedeceu. Trouxe-lhe o sacerdote, cuja mão consagrada rompeu a couraça de barro que envolvia seu coração; seus pecados se desprenderam de sua alma, como escamas, e pela primeira vez rezou.
Morreu uma hora depois e entrou no céu de joelhos, chorando de jubilo. E pode ver a face de Deus.


Hugo WAST (Gustavo Martinez Zuviría) 

terça-feira, 12 de maio de 2015

O NIILISMO PENAL

“(...) é destituída de mínima consistência a teoria pela qual condições materiais antagônicas e crimes guardam causalidade inexorável... Equacionando o problema em termos simples: a miséria predispõe ao crime, mas não o engendra mecanicamente. O livre arbítrio é o fator determinante... Donde se infere que aquela desarrazoada teoria empresta justificação ao dogma nuclear da concepção aristocrática de governo: reduzida pela pobreza à incapacidade de distinguir ente avesso e direito, torto e reto, certo e errado, a massa deve ser posta sob curatela. A intelligentsia pensará, decidirá e falará por ela....Pois bem, o banimento, a proscrição do livre arbítrio da ordem de considerações fundamentais na concepção de politica criminal tem como corolário substancial modificação na ideia da pena: ela se despe da finalidade reprovativa – na verdade, reprovar o quê, se a conduta transgressiva tem conteúdo finalista? – e ela se despoja de finalidade preventiva, inibitória, dissuasória, intimidativa – na verdade, prevenir o quê, se o criminoso está destinado inescapavelmente ao crime, de sorte que lhe resulta quimicamente estéril, inócua, inconsequente a condenação de terceiros? Um excêntrico personagem, de que até agora só se vira a ponta do nariz a sair dos bastidores, abandona a timidez e entra em cena: o niilismo penal. Realmente, uma das mais apreciadas criações ficcionais do direito penal moderno é a pena que não é pena. A pena-refrigério é um dos ícones do imaginário laxista”.


___ Volney Corrêa Leite de MORAES JR. Crime e Castigo: reflexões politicamente incorretas, Campinas: Millennium, 2002, p. 35-36.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

CONTRADIÇÕES DO DETERMINISMO

“(...) é uma verdadeira fraude o afirmar-se que o fatalismo materialista é, de certo modo, favorável ao perdão e à abolição de castigos cruéis ou de castigos de qualquer espécie. Tal afirmação é exatamente o contrário da verdade (...) o fato de que os pecados são inevitáveis não evita o castigo; se alguma coisa evita, é, precisamente, a persuasão. O determinismo conduz tanto à crueldade como é certo que conduz à cobardia. O determinismo não é incompatível com o tratamento cruel dos criminosos; aquilo com que ele é, talvez, incompatível é com o tratamento generoso dos criminosos, com qualquer apelo que se possa fazer aos seus melhores sentimentos ou com qualquer espécie de estímulo com que possamos animá-los na sua luta moral”.


____ G. K. Chesterton. Ortodoxia, Porto: Tavares Martins, 1956, p. 54. 55.


A OBRA DEMOLIDORA DOS PROGRESSISTAS

“Os ataques lançados contra a Igreja não visam diretamente ao seu conteúdo espiritual, mas à sua realização temporal. Pretende-se erradicar a obra temporal da Igreja. Quer-se destruir a civilização cristã. Percebeu-o claramente a Igreja e, assim, Pio XI, na encíclica “Divini Redemptoris”, em que condena o comunismo ateu, assinala que este “tende a destruir a vida social e a socavar os cimentos mesmos da civilização cristã”. E ao lado deste, poder-se-iam alinhar muitos textos semelhantes da Igreja Romana. Eles nos advertem que os ataques da impiedade não se dirigem diretamente contra a missão espiritual da Igreja, mas contra sua obra civilizadora, contra a ordem pública cristã, contra a Cidade Católica. Está visto, com esse ataque, pretende-se impossibilitar a missão própria, espiritual da Igreja. Porque destruída a civilização cristã e entregue a substancia temporal dos povos ao indiferentismo e ao ateísmo, as massas serão também ateizadas graças à influencia permanente e irresistível da vida pública”.


__ Padre Júlio MEINVIELLE. Presencia em la Hora Actual, Cruz y Fierro Editores; Argentina, p. 9.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A AÇÃO REVOLUCIONÁRIA

“A ação revolucionária... não tem finalidade (no sentido filosófico do termo). Ela busca dinamizar incessantemente o élan de destruição dos fundamentos naturais do homem e da sociedade. Tem em mira apenas o seu próprio poder de transformação radical dos costumes e das tradições... A Revolução social desde o início tende a tornar a sociedade a tal ponto fechada sobre o temporal, tão totalitária nas suas estruturas e nos seus costumes que, depois de obter uma série de garantias econômicas e sociais, os trabalhadores acabarão por ter o penoso sentimento de que chegam a perder a vida ao ganhá-la. De social que era, a Revolução torna-se pura organização técnica. Os homens, os grupos humanos são reduzidos à categoria de engrenagens que devem articular-se mecanicamente umas nas outras. Insensivelmente, a Revolução, que era social, tornou-se prioritariamente estrutural e econômica (...). Num tal deserto povoado de cimento, de ferro e de estatísticas, e feito de mecanismos tão estreitamente imbricados que nenhuma margem é deixada à fraqueza e ao erro, o homem se resseca, se endurece, e num ultimo sobressalto da natureza, se revolta. Como no último quarto de hora de uma agonia estúpida, o homem revoltado dispõe-se a tudo quebrar para fazer jorrar um pouco de seiva (...) No meio do pesadelo em que a sociedade vai afundando, a moral, as instituições, a ordem estabelecida, a autoridade desaparecem sob a forma de pressões compactadas, como uma casamata estreitamente cerrada que é preciso dinamitar a fim de reconquistar o ar, a luz, a saúde da alma e do corpo”.


___ Jean BEACOUDRAY. Revolução e cultura sindical. Comunicação ao V Congresso do Ofício Internacional das Obras de Formação Cívica e Ação Cultural segundo o Direito Natural e Cristão, 5 a 7 de abril de 1969, p. 35-36.