Este
Gordo, o mais briguento do mundo, mas briguento com amabilidade de boxeador
obeso, morreu sem deixar um só inimigo. Suas investidas eram tão sinceras,
humildes e caritativas, tão impregnadas de humana simpatia, que o melhor seria
aceita-las e calar-se. Não há poder contra a vida. Seria, contudo, um erro ver
em Chesterton um puro polemista; ele foi um catequista. Voltaire é um puro
polemista, um espadachim falaz. A polêmica em Chesterton é um episódio e um
pretexto.
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Quanto sabe você, Mr. Gilbert?
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Nada mais que o Catecismo, filho!
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Mas o mete em tudo, como o tomate.
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Para isso nos foi dado.
Para poder reensinar o Catecismo aos
ingleses haveria de entrar em um pub, sentar-se diante de uma garrafa de gin,
saber de tudo, amar a Londres, ser um pouco raro, sempre excêntrico e ao mesmo
tempo moderno e triunfal. Haveria de ter
uma alegria de criança, uma saúde de touro, uma fé de irlandês, um bom senso de
cockney, uma imaginação shakespeariana, um coração de Dickens e uma vontade de
lutar mais formidável já vista desde que o mundo é mundo.
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Pe. Leonardo Castellani. El buen
sentido de Chesterton, extraído do livro Critica Literaria: Notas a caballo de
un pais en crisis. Buenos Aires: Ediciones Dictio, pp. 151-152.
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