José Newton Alves de Sousa
Não se pense que é só de instrução
que está necessitando o Brasil. Nem só de reformas do ensino.
Nem apenas de campos de aviação e
praças esportivas.
Mais do que isto, primeiro que isto,
ele precisa de uma grande, profunda e radical reforma católica dos costumes.
Qual o panorama que ele nos
apresenta, nos tempos atuais? O de uma nação decantada inconscientemente,
romanticamente exaltada em todos os pontos e aspectos, mas que, no âmago da sua
realidade, um Brasil carcomido pelos germes daninhos da degradação moral e espiritual.
Não se julgue que é meu desejo
empanar o brilho do nome do Brasil, tão fulgurante nos fatos reais que apesenta
a sua verdadeira História. Desejo apenas mostrar, baseado na observação direta
e nos estudos que, neste sentido, hão feito os que se preocupam com os magnos
problemas nacionais, os meios que atormentam e corroem o organismo brasileiro. A
degradação dos costumes já avançou tanto, no Brasil, que chegou a penetrar os
recintos mais puros e sagrados, e emurchecer o belo jardim da inocência infantil.
Já o lar não se guia pelos divinos
ensinamentos que, através das páginas do Evangelho, nos ministra a Casinha de
Nazaré, em que habitou a Sagrada Família. A maioria dos lares brasileiros
modernos tomou para exemplo o centro universal da degenerescência e exploração
judaica - Hollywood. Já não são o Catecismo e a História Sagrada os mentores
domésticos da educação, as fontes onde vão haurir as luzes da formação moral.
São aos figurinos, revistas e jornais indecentes que se acurvam, na ânsia louca
de executar todos os desígnios pormenorizados, das modas mais estúpidas e
desumanas, disto fazendo o centro de convergência de todos os interesses e
preocupações.
O palco se vai transformando em
cenário de escândalo e mostruário de nudismo.
As bibliotecas são constituídas, na
sua maioria, dessas coleções exóticas de romances policiais em que o vício, o
roubo, o assassínio são as "virtudes" mais belas (...) dos heróis e
bandidos. Nenhum livro de religião se encontra na maior parte das nossas
bibliotecas. E quando lá existe algum livro que fale, favoravelmente, em Deus e
Religião, por quem será lido? Por ninguém! Se volvemos a vista ao ambiente
acadêmico, uma tristeza profunda nos invade o ser, ao mesmo tempo que se nos
assoma o desejo veemente de concitar toda a mocidade católica brasileira para
uma reação enérgica e eficaz.
A grande maioria dos professores é
a-religiosa, quando não indiferente.
Muitos moços, cursando escolas e colégios
em que se não pratica a verdadeira pedagogia, e nem se ministra uma educação
integral, encontrando o ambiente viciado e cheio de materialismo das academias,
trilharão, irremediavelmente, o caminho que os levará à derrocada espiritual e
moral. Das invenções mais nobres fazem meios da degradação moral. Cinema, rádio
e imprensa são veículos de transmissão pornográfica e propaganda sectária.
É a invasão do mal. É a implantação
da desgraça. É o cetro satânico a querer reinar sobre o Brasil!
O Brasil precisa de instrução. Mas a
instrução é motivo de decadência moral quando não completada pela educação, e
educação católica. Reformem-se como quiserem os programas de ensino: se não se
cuidar primeiro da reforma moral do Brasil, recolocando-o no Caminho de Cristo,
vão será todo trabalho, inútil qualquer esforço. Se não aprendermos primeiro a
voar pelas altas regiões das Virtudes Católicas, como formar uma nacionalidade
nas nuvens, como engrandecer uma pátria sem grandeza moral?
Para se ser uma raça fisicamente
forte e valorosa, antes se têm que fortificar e valorizar o espírito e a
inteligência nos princípios católico-nacionalistas, e não treinar somente os
pés e as mãos.
Antes da bola, o livro moralizado!
Muitos me hão de zombar por ter
escrito estas linhas, e outros tantos me chamarão de inimigo do Brasil... por
ter dito estas verdades. Mas, para eles todos tenho esta resposta:
Ser patriota é denunciar os erros da
Pátria e trabalhar em união com os demais - poucos embora, como aqui no Brasil
- para a sanagem, para a cura desses males. Isto, o que me dita a consciência,
a voz sincera do coração.
Crato, Ceará, julho de 1941.
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Publicado no Jornal “A
Ação”, de 18-07-1941, Ano III, N. 44, p. 2.