quinta-feira, 30 de março de 2017

JACKSON DE FIGUEIREDO

“Sim, para Jackson de Figueiredo como para Antônio Sardinha a ordem sobrenatural era o fundamento de toda a sua doutrinação política. Para ambos "apenas a Igreja, que fez a Europa e que salvou do naufrágio do mundo antigo os melhores legados da cultura clássica, aponta a estrada segura da vitória e da reconstrução". Morreu o nosso grande pensador político no início da sua carreira. Morreu lutando contra a anarquia moderna, quando o Brasil mais precisava de homens da sua tempera, da sua cultura e do seu caráter. Mas as suas obras ficam, ficam as suas ideias envolvidas pela eloquência de uma profunda convicção, de uma vida admirável, de uma vida pura, que soube honrar a sua pátria e a sua religião”.

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Hamilton Nogueira. (Jackson de Figueiredo) O pensador político, A Ordem, n. 1, 1929, p. 248.


Jackson de Figueiredo
(1891-1928)

segunda-feira, 27 de março de 2017

domingo, 26 de março de 2017

O MAIS URGENTE PROBLEMA BRASILEIRO

José Newton Alves de Sousa

Não se pense que é só de instrução que está necessitando o Brasil. Nem só de reformas do ensino.
Nem apenas de campos de aviação e praças esportivas.
Mais do que isto, primeiro que isto, ele precisa de uma grande, profunda e radical reforma católica dos costumes.
Qual o panorama que ele nos apresenta, nos tempos atuais? O de uma nação decantada inconscientemente, romanticamente exaltada em todos os pontos e aspectos, mas que, no âmago da sua realidade, um Brasil carcomido pelos germes daninhos da degradação moral e espiritual.
Não se julgue que é meu desejo empanar o brilho do nome do Brasil, tão fulgurante nos fatos reais que apesenta a sua verdadeira História. Desejo apenas mostrar, baseado na observação direta e nos estudos que, neste sentido, hão feito os que se preocupam com os magnos problemas nacionais, os meios que atormentam e corroem o organismo brasileiro. A degradação dos costumes já avançou tanto, no Brasil, que chegou a penetrar os recintos mais puros e sagrados, e emurchecer o belo jardim da inocência infantil.
Já o lar não se guia pelos divinos ensinamentos que, através das páginas do Evangelho, nos ministra a Casinha de Nazaré, em que habitou a Sagrada Família. A maioria dos lares brasileiros modernos tomou para exemplo o centro universal da degenerescência e exploração judaica - Hollywood. Já não são o Catecismo e a História Sagrada os mentores domésticos da educação, as fontes onde vão haurir as luzes da formação moral. São aos figurinos, revistas e jornais indecentes que se acurvam, na ânsia louca de executar todos os desígnios pormenorizados, das modas mais estúpidas e desumanas, disto fazendo o centro de convergência de todos os interesses e preocupações.
O palco se vai transformando em cenário de escândalo e mostruário de nudismo.
As bibliotecas são constituídas, na sua maioria, dessas coleções exóticas de romances policiais em que o vício, o roubo, o assassínio são as "virtudes" mais belas (...) dos heróis e bandidos. Nenhum livro de religião se encontra na maior parte das nossas bibliotecas. E quando lá existe algum livro que fale, favoravelmente, em Deus e Religião, por quem será lido? Por ninguém! Se volvemos a vista ao ambiente acadêmico, uma tristeza profunda nos invade o ser, ao mesmo tempo que se nos assoma o desejo veemente de concitar toda a mocidade católica brasileira para uma reação enérgica e eficaz.
A grande maioria dos professores é a-religiosa, quando não indiferente.
Muitos moços, cursando escolas e colégios em que se não pratica a verdadeira pedagogia, e nem se ministra uma educação integral, encontrando o ambiente viciado e cheio de materialismo das academias, trilharão, irremediavelmente, o caminho que os levará à derrocada espiritual e moral. Das invenções mais nobres fazem meios da degradação moral. Cinema, rádio e imprensa são veículos de transmissão pornográfica e propaganda sectária.
É a invasão do mal. É a implantação da desgraça. É o cetro satânico a querer reinar sobre o Brasil!
O Brasil precisa de instrução. Mas a instrução é motivo de decadência moral quando não completada pela educação, e educação católica. Reformem-se como quiserem os programas de ensino: se não se cuidar primeiro da reforma moral do Brasil, recolocando-o no Caminho de Cristo, vão será todo trabalho, inútil qualquer esforço. Se não aprendermos primeiro a voar pelas altas regiões das Virtudes Católicas, como formar uma nacionalidade nas nuvens, como engrandecer uma pátria sem grandeza moral?
Para se ser uma raça fisicamente forte e valorosa, antes se têm que fortificar e valorizar o espírito e a inteligência nos princípios católico-nacionalistas, e não treinar somente os pés e as mãos.
Antes da bola, o livro moralizado!
Muitos me hão de zombar por ter escrito estas linhas, e outros tantos me chamarão de inimigo do Brasil... por ter dito estas verdades. Mas, para eles todos tenho esta resposta:
Ser patriota é denunciar os erros da Pátria e trabalhar em união com os demais - poucos embora, como aqui no Brasil - para a sanagem, para a cura desses males. Isto, o que me dita a consciência, a voz sincera do coração.

Crato, Ceará, julho de 1941.

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Publicado no Jornal “A Ação”, de 18-07-1941, Ano III, N. 44, p. 2.

A MÁ IMPRENSA

"O povo mais religioso do mundo que lesse maus jornais chegaria a ser, em trinta anos, um povo de ímpios e revolucionários. Humanamente falando, não há pregação que frutifique diante de má imprensa".
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Cardeal Pie (1815 – 1880)

sábado, 25 de março de 2017

HINO AO CRISTO


O COMUNISMO ATEU QUER VIVER NO MUNDO

Padre Palma

A grande desordem hoje existente na terra é triste fruto da trama soviética que domina os homens sem-deuses da sociedade ambiciosa. O tal comunismo quando se revolta contra Deus, é para perseguir a humanidade inteira, se fora possível.
Para tanto, acabando com a religião, quer o comando supremo de cada nação, escravizando as massas populares.

I

Declarando-se ATEU, avança com sua ideologia materialista voraz, sequestrando e liquidando a propriedade particular do homem. Sistema cheio de erros sociais, que pretende encampar tudo nas mãos do Estado absoluto, sob o guante do comunista de escol. Toda a pessoa humana sofre por todas as formas. O amor livre implantado por essa teoria destrói e dá cabo da família. Os filhos são do Estado. Os adultos têm o trabalho forçado e a ração diária. As mulheres são vigiadas pela guarnição de soldados. Não há liberdade, mas licenciosidade. Não há direito e nem justiça, mas o severo arbítrio do camarada chefe. Não há respeito à autoridade e impera o despotismo. Despotismo primeiro entre os mandões e depois entre os inimigos do credo moscovita rubro.

II

Os partidários e chefes supremos do comunismo nunca podem estar tranquilos e sossegados. A menor suspeita os levará ao campo de concentração militar, ao cárcere e masmorra e à morte certa em pouco tempo. Pois é sabido que os heróis da véspera serão devorados pelos heróis do dia seguinte. O maior inimigo do comunismo é o próprio comunista, que vê em todos um seu rival. O pavor persegue a todos.
- Quem perde a fé religiosa, também perderá a consciência humana.

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Publicado no Jornal “A União”, de 14-03-1948, n. 8, p.2.

terça-feira, 21 de março de 2017

O cura d'ARS


A 31 de Maio deste ano foi canonizado João Maria Batista Vianney (1786-1850) o celebre Cura d’Ars, ao qual nestes termos se refere, em um dos últimos números da revista “E’tudes” o jesuíta Paul Dudou:
Levou na sua paroquia d’Ars, durante quarenta e um anos, uma vida de santo (1818-1859).
A casa dele era a Igreja. De madrugada, já lá estava a rezar. Dizia sua missa, como um serafim, pregava com uma unção de abalar montanhas; ensinava catecismo numa linguagem luminosa ainda para os espíritos menos penetrantes; ouvia de confissão inúmeras pessoas, doze, quinze, dezoito horas seguidas, com uma paciência, uma bondade, uma autoridade de direção, difícil de imaginar.
Quando cessava de ser dos outros, nem por isso se pertencia a si próprio.
Refeições ligeiras, ou antes, repastos de mendigos, temperados com a mortificação quotidiana. Sono curto e mal, no chão duro; noites passadas em sangrentas penitencias, em lutas contra os assaltos do “tinhoso”, em conversas com Deus por meio do breviário ou da oração mental.
Nada de adegas, nem copa, nem vestiários. Não tinha casa montada. Dinheiro, provisões, roupas de cama ou de mesa que passavam pela mão desse perdulário, lá se ia tudo entregue ao primeiro necessitado que se lhe punha diante.
Pouco se lhe dava do amanhã. O cura d’Ars seguia à risca o programa evangélico traçado pelo Cristo nos capítulos V e VI de São Mateus.
No início da carreira pastoral, saia da paróquia, para ajudar os colegas da vizinhança, quando ausentes, em missões ou jubileus.
A breve trecho, apegaram-se as almas àquele pregador e àquele confessor que não se parecia com nenhum outro. De Montmere, Saint Trevier, Savigneux, Caueins, São Bernardo, Trévoux.
Era costume ir muita gente a Ars, em busca do homem de Deus, cuja vida e cujos conselhos tocavam as raias do prodígio.
Assim é que começou essa romaria que aos poucos arrastava aos pés do santo, peregrinos de Dombes, da Bresse, do Bugey, do Beaujoiale, do Lyonnais, e da França inteira, da Bélgica, da Inglaterra e das duas Américas.
Ars, aldeia obscura do preguiçoso Saône, e dos açudes das Dombes, ficou sendo uma das encruzilhadas do mundo.
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Publicado em A Cruz, n. 30, de 19 de julho de 1925. 
 

sexta-feira, 17 de março de 2017

A VIRTUDE DA TEMPERANÇA

A temperança liga-se estreitamente à prudência pois modera as paixões do concupiscível e conserva-as num justo meio razoável entre o excesso e a carência. Ela se une à justiça pelos atos e pela rejeição à intemperança, vício essencialmente próprio ao indivíduo dedicado ao seu prazer pessoal. Ela é companheira da força, que luta pelo bem comum, já que é impossível ser forte sem ser temperante.
(...)
Não há nenhuma outra virtude que esteja em mais estreita conexão com todas as demais ou que lhe seja mais extensível: quase todas as virtudes, cardeais ou não, tem necessidade da temperança para se levar a efeito. Seu uso é freqüente, cotidiano, e, se a força a supera “dum certo modo” (quoad aliquid) por seu aspecto social, por sua freqüência necessária e pelos vínculos concretos com as demais virtudes, a temperança pode encontrar a preferência do moralista, não somente em relação à força, mas “mesmo à justiça”. Ela é uma virtude viril e santo Tomás, seguindo Aristóteles, comenta com precisão que seu contrário “é um pecado de concupiscência” excessiva que, de ordinário, atribuímos às crianças. Igualmente destaca, acompanhando “o mestre daqueles que sabem”, que a intemperança é um vício mais grave que a pusilanimidade, porque é mais voluntária, mais própria do homem feito. O pusilânime tem quase sempre o espírito paralisado diante do perigo da morte física ou moral; é mais sujeito aos impulsos exteriores que sofre, mais sensível aos riscos e às ameaças em geral. O intemperante é atraído pelos gozos particulares, adjacentes ou acessórios às concupiscências da natureza. Ora, “é pura e simplesmente mais voluntário o que é voluntário nas ações singulares, nas quais culminam a virtude ou o vício, no sentido próprio dos termos”.

Mas, indo um pouco além, estas ações singulares não estão isoladas de seus prolongamentos sociais. A vergonha que se associa à intemperança se opõe à honra e distinção da virtude contrária. Sem dúvida, a intemperança é freqüente em meio à humanidade, e sua repetição, por demais visível, parece diminuir a vergonha e a desonra que se associam a ela na opinião dos homens. Todavia, elas não se apagam completamente dali: a natureza do vício ao qual sucumbe o intemperante, marcada por sua gravidade, opõe-se a isto. Demais, os estigmas deixados pela intemperança sobre o aspecto do homem ― a abjeção de sua conduta libidinosa ― apagam, diz-nos Santo Tomás com profundeza, o brilho e a beleza inerentes ao homem temperante, equilibrado, dono de si, seguro das finalidades que persegue, e cuja razão ilumina, por sua transparência, os atos virtuosos. Um visível envilecimento caracteriza o libidinoso e, na mulher, os artifícios que o dissimulam só acentuam a ausência de castidade. Todos esses sinais, ao mesmo tempo individuais e sociais, cujos sentidos são evidentíssimos, manifestam que o homem ou a mulher entregues à intemperança se rebaixam ao nível do animal, destruindo em si as marcas do seu caráter verdadeiramente humano.
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Marcel de Corte. A temperança, virtude desaparecida. Publicado originalmente na Revista Itineraires n. 250, Fev/81 Tradução: Permanência.




A ESCOLA SEM DEUS

Embora tenhamos progredido muito nestes últimos anos não se pode negar ser ainda muito elevada a percentagem do analfabetismo em nossa Pátria.
O problema não está, porém, tão somente em alfabetizar esses 23 milhões de indivíduos incultos: está em dar-lhes um ensino completo, isto é, alicerçado numa base moral sólida sem a qual a ciência se torna mais danosa do que benfazeja.
Urge difundir a instrução, mas a instrução religiosa, a instrução que rasga à inteligência humana horizontes novos para o ideal, para a perfeição, para Deus.
Guerra Junqueiro, o insuspeitíssimo Guerra, pouco antes de sua morte, afirmou a um jornalista lisbonense que considerava como a maior fábrica de criminosos uma escola sem Deus.
E a experiência de tantos séculos ai está para confirmar a palavra do vate lusitano, que representa, neste caso, o consenso universal.

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Publicado em A Cruz, Ano VII, N. 30, de 10 de Julho de 1925.

segunda-feira, 13 de março de 2017

A LIÇÃO ESSENCIAL DA QUARESMA

Qual é a lição essencial da quaresma, no que nos diz respeito? A Igreja responde com a liturgia das cinzas, e nós podemos desenvolver a idéia: o que nos cumpre aprender nestes dias, mais do que nos outros, é a doce e santa lição de nossa total dependência nas mãos de Deus. Ou como diria Santa Catarina de Sena, na sua linguagem de sangue e fogo: devemos aprender a lição de nosso nada. Todo o mundo moderno é desatento, brutalmente desatento ao espírito da quaresma. Um humanismo insolente, grosseiro, agora reforçado com as estridências que se ouvem pela porta dos fundos da Igreja, tenta inculcar no homem uma confiança em si que o deixe esquecido de sua condição peregrinal e de sua destinação última. Vivemos dentro de uma espessa idolatria: todos querem exaltar os valores humanos em detrimento ou com esquecimento de sua total dependência de Deus. O nome de Deus é silenciado, é empurrado para a obscuridade, para que a glória do homem refulja.
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Gustavo CORÇÃO. O espírito de quaresma.

A PERVERSÃO DA ENGENHARIA SOCIAL


CRISTIANISMO LIBERAL

“Acertou o Cardeal Newman quando chamou de ‘Cristianismo Liberal” a nova Teologia, pois antes que uma doutrina econômica ou política, o Liberalismo é uma heresia, e quando ela contamina o clero, promove uma teologia que aparenta purificar a fé de mitos, mas que na realidade reduz o cristianismo à mitologia...”.
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Padre Leonardo CASTELLANI. In.Psicologia Humana.

sábado, 11 de março de 2017

CORRUPÇÃO REVOLUCIONÁRIA DO EVANGELHO



É preciso refletir sobre o “evangelho ambíguo” e sobre os cristãos iludidos que são – ao mesmo tempo – fiéis e vítimas dele. Eles fizeram o Evangelho cair de sua altitude sobrenatural para achatá-lo ao nível das aspirações impuras do homem carnal. Sabem que o Evangelho é místico e que transcende as sociedades humanas, mas, não aceitando plenamente que essa mística faça cumprir a lei natural, eles chegam a pregar o Evangelho contra o direito natural, a excomungar em nome do Evangelho os humildes sustentadores da constituição natural das sociedades. Eles sabem que os ministros de Cristo são, por estado, os servidores dos seus irmãos em vista do Reino dos Céus, mas, não aceitando plenamente a dignidade de seus ministros. Se eles pudessem, fabricariam uma pseudo-Igreja, trabalhando para promover o que eles chama uma “Igreja pobre”, vazia de seus poderes hierárquicos, imaginando que ela seria assim mais viva na fé e amor.
Tais falsos apóstolos nos atingem nas regiões místicas da alma, sem contradizer o que ali se esconde de muito humano, nos fazem crer que tudo em nós pode ser igualmente satisfeito pelo Evangelho, ao mesmo tempo o espírito serviçal e a covardia em levar a própria dignidade; o amor da justiça... mas também o ressentimento; o zelo das almas e também o consentimento ao mundo. Os desgastes para o povo cristão são incalculáveis: nada é tão devastador para o cristão como a graça, não digo renegada e pisada, mas corrompida. A Revolução não pode ter melhores auxiliares no interior da Igreja de Cristo – e mesmo no mundo em geral – que os apóstolos desviados, e tantos cristãos iludidos que se alinharam atrás deles.
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R. Th. CALMEL, OP. Revista Itinéraires n. 106.