sábado, 11 de março de 2017

CORRUPÇÃO REVOLUCIONÁRIA DO EVANGELHO



É preciso refletir sobre o “evangelho ambíguo” e sobre os cristãos iludidos que são – ao mesmo tempo – fiéis e vítimas dele. Eles fizeram o Evangelho cair de sua altitude sobrenatural para achatá-lo ao nível das aspirações impuras do homem carnal. Sabem que o Evangelho é místico e que transcende as sociedades humanas, mas, não aceitando plenamente que essa mística faça cumprir a lei natural, eles chegam a pregar o Evangelho contra o direito natural, a excomungar em nome do Evangelho os humildes sustentadores da constituição natural das sociedades. Eles sabem que os ministros de Cristo são, por estado, os servidores dos seus irmãos em vista do Reino dos Céus, mas, não aceitando plenamente a dignidade de seus ministros. Se eles pudessem, fabricariam uma pseudo-Igreja, trabalhando para promover o que eles chama uma “Igreja pobre”, vazia de seus poderes hierárquicos, imaginando que ela seria assim mais viva na fé e amor.
Tais falsos apóstolos nos atingem nas regiões místicas da alma, sem contradizer o que ali se esconde de muito humano, nos fazem crer que tudo em nós pode ser igualmente satisfeito pelo Evangelho, ao mesmo tempo o espírito serviçal e a covardia em levar a própria dignidade; o amor da justiça... mas também o ressentimento; o zelo das almas e também o consentimento ao mundo. Os desgastes para o povo cristão são incalculáveis: nada é tão devastador para o cristão como a graça, não digo renegada e pisada, mas corrompida. A Revolução não pode ter melhores auxiliares no interior da Igreja de Cristo – e mesmo no mundo em geral – que os apóstolos desviados, e tantos cristãos iludidos que se alinharam atrás deles.
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R. Th. CALMEL, OP. Revista Itinéraires n. 106.

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