Por: Mario Caponnetto
Jordan Bruno Genta
(2 de outubro de 1909 - 27 de outubro de 1974)
Certa ocasião o Padre Leonardo Castellani, ao
dedicar a Jordán Bruno Genta um exemplar de seu livro Martita Ofelia y otros
cuentos de fantasmas, estampou, com sua letra tão inimitável como seu talento: "A Jordán B. Genta, pedagogo del ¡O
juremos con gloria morir!". Se levarmos em conta que, então, Genta era
um jovem professor universitário, não é difícil advertir que a dedicatória,
ademais de justa, resultou profética. Pois não só, no transcorrer do tempo,
Genta mesmo morreria com glória - a glória dos mártires- senão que todo seu
dilatado magistério estaria dedicado, além de buscar reabilitar a inteligência
argentina, foi formar homens (sobretudo soldados) capazes de morrer com glória.
O exemplo mais notável foram os pilotos da Força Aérea Argentina na Guerra das
Malvinas. Não o dizemos nós: disseram os próprios ingleses.
Jordán B. Genta constitui um modelo autêntico
de mestre cristão. Foi um pedagogo; e um pedagogo de raça. Assim testemunha um
dilatado magistério de mais de quarenta anos que começou desde tenra idade e
culminou com sua morte, sua última e mais excelsa lição.
Reunia em suas aulas uma multidão de pessoas de
condições diversas que acudiam atraídas pela clareza de seu pensamento, a
riqueza de sua doutrina e sua personalidade cativante. A palavra viva era o
coração e o centro de sua pedagogia (a "pedagogia
do verbo", gostava de chama-la) pois conhecia muito bem o poder
arrebatador da palavra sobretudo quando ela é imagem do Verbo, do Logos
Incriado.
Bebia na fonte dos clássicos e dava de beber a
seus alunos a água dessa mesma fonte; por isso o texto frontal, direto, era o
centro congregante de suas aulas. Mas a pedagogia de Genta não apontava para
formação da inteligência (a "reabilitação
da inteligências nos hábitos dos metafísicos" e o exercício da "nobre arte das definições",
como costumava dizer) senão que se dirigia, ademais, a formação inteira do
caráter na imitação dos grandes arquétipos. O santo, o herói, o poeta, o sábio:
tudo quanto há de eminente, de egrégio, de expressão cabal de superioridade
humana, colocava e propunha Genta em suas aulas, convencido da atração
irresistível que o arquétipo exerce sobre as almas.
Por isso sua pedagogia foi, por sua vez,
pedagogia do verbo e pedagogia dos arquétipos
Mas, posto que Genta foi acima de tudo um
mestre cristão, sua pedagogia não pode ser senão cristocentrica porque Cristo é
o Verbo Encarnado e o Supremo Arquétipo. Esta pedagogia teve, pois, em vista a
formação de autênticas superioridades e hierarquias sociais e intelectuais,
homens e mulheres lúcidos, capazes de buscar, conhecer e amar a verdade e
dispostos a defende-la mediante o testemunho, ainda que a custa da própria
vida. "Filosofar é aprender a
morrer" costumava repetir com frequência.
No entanto, sabe-se, também, que esta pedagogia
- que em sua última ratio apontava à eternidade - teve, não obstante, uma
envergadura temporal e histórica concreta pois ela não se entendia sem sua
essencial referência e ordenação para a Argentina, ao seu tempo, ao seu drama e
ao seu destino. Foi um pedagogia que abraçou, em síntese admirável, dois
amores: Cristo e a Pátria. Genta amou a Argentina com um amor que ele mesmo não
trepidou em qualificar de "amor
exacerbado" frente a Pátria em perigo extremo de dissolução. Por isso,
a medida que esse perigo foi incrementando-se até alcançar uma magnitude
insuspeita no cenário da Guerra Revolucionaria que foi imposta ao país desde
fora com a cumplicidade de atores locais, esse amor exacerbado alcançou,
também, seu cimo. Os anos finais do magistério de Genta são um testemunho vivo
disto que dissemos. Seus escritos, suas conferências, suas lições adquiriram um
tom profético, um chamado gratificante as forças naturais de resistência as
quais convocou ao combate em defesa da Cidade assediada
A mais de três décadas de sua morte como
mártir, Genta resulta, hoje, mais atual que nunca, nesta Argentina assediada,
já não pelos exércitos dos partisans, senão, pelas forças obscuras de uma
dissolução gradual e sustentada que vai minando e corroendo as almas e as
instituições.
É esta hora de velar, de vigília atenta.
Estamos de guarda. Que a vida e a obra de Jordán B. Genta nos inspirem, pois, e
nos ajudem a fazer realidade - se assim Deus nos pede - a estrofe do Hino: "O juremos con gloria morir".
***
Tradução: Fernando Rodrigues Batista
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