Albert CAMUS [no livro "O
homem revoltado"] mostra como a atual sociedade não marcha para certa
socialização, regulável ao agrado dos teólogos, senão para um socialismo
absoluto, que se move sobre o pressuposto certo de que o homem é infinitamente
plástico, sem nenhuma natureza humana, senão entregue ao puro fluir histórico.
Macha para um socialismo em que cada ser humano, partícula do grande Monstro
Coletivo, não deve ter outra reflexão que a do reflexo condicionado que
provenha da Central do Monstro. Ali, cada homem individual deve chegar a ser,
dentro do todo social, um puro jogo de forças submetido a um projeto
prolixamente calculado. O socialismo, monstro do terror racionalizado, não pode
surgir em qualquer momento da história humana, senão quando está tenha
alcançado um determinado grau de degradação. Quando tenha perdido o sentido de
Deus, o sentido da majestade da autoridade pública, o sentido da santidade da
família, o sentido da dignidade pessoal do homem. O comunismo é o termo e o
resultado de um processo secular de degradação em que a sociedade desligada dos
valores sobrenaturais, encarnados no sacerdócio, dos valores da dignidade
política, encarnados na nobreza, dos valores da eficácia econômica, encarnados
na burguesia, explora os baixos instintos do ressentimento das classes mais
desvalidas pretendendo edificar sobre o ódio destas todo o edifício social.
(...) O absurdo perverso e nefasto do socialismo estriba precisamente em que
quer nivelar por baixo todos os valores e classes sociais. Todos os homens
igualmente ateus, todos igualmente livres de vínculos políticos, todos sem
propriedade econômica; vale dizer, todos proletarizados, isto é, desintegrados.
E como os átomos desintegrados não podem coexistir sozinhos, um poder férreo,
duro, implacável, os obriga a agrupar-se em um grande Todo, homogêneo e
coletivo, fundado e sustentado no terror permanente.
R. P Julio MEINVIELLE. El comunismo en la revolución anticristiana, 4.
ed., Buenos Aires: Cruz y Fierro Editores, 1982, pp. 61-62.
Padre Julio Meinvielle (1905-1973)
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