O homem, que considerava autônoma sua
razão e livre sua vontade para construir o mundo conforme lhe ditava aquela,
não queria, não podia nem sabia suportar uma religião que anunciava a
existência de um Deus pessoal, criador de todas as coisas e da ordem que as
governe, acima da razão e da vontade humana; de uma religião que reconhece o
pecado original do homem, tentado pela serpente com o “sereis como deuses”, e
redimido pelo sangue derramado pelo mesmo Deus, feito homem na pessoa de seu
Filho, encarnado por efusão do Espírito Santo na Virgem Maria; de uma religião
que requer o sacrifício e a caridade – como forma mais elevada do amor – para a
boa ordem das sociedades e instituições humanas. Tudo isso não pode ser
suportado pela soberba do “sereis como deuses” redivivos.
Juan VALLET
DE GOYTISOLO. Qual a
essência e as consequências básicas da Revolução Francesa. Revista Verbo,
Madri, n. 281-282, p. 150.
Juan VALLET DE GOYTISOLO (1917-2011)
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