A Universidade é um fruto de
vida perene na Cidade que envelhece e morre como os homens que nascem e se
nutrem de sua história.
A Universidade é o reflexo
mental, a imagem viva, a ideia do Universo: a realidade das coisas e sua ordem
imutável estão intima e vitalmente presentes na Verdade da Sabedoria, das
ciências e das artes.
A Universidade é o universo da
alma que conhece. Seu fim transcende, repetimos, a vida da Cidade cuja virtude
e perfeição é o Bem Comum, ao qual se ordena o homem inteiro, o composto de
alma e corpo que substancialmente é.
A missão primeira e principal
da Universidade não é a preparação do cidadão para a vida pública, nem a
superior capacitação profissional. É verdade que lhe compete, uma vez que o Bem
Comum se subordina à Verdade e não é possível fora dela, a formação da classe
dirigente e o cuidado da identidade moral da Pátria; assim como assegurar a
primeira e mais elevada idoneidade cientifica e técnica nas profissões
liberais.
E é neste plano do saber
prático e útil, exclusivamente, que a Universidade se modifica e necessita
renovar-se para responder às exigências do presente: o progresso incessante das
ciências exatas e experimentais impõe a readaptação continua dessa parte
subordinada da Universidade.
A Universidade é para o homem,
antes de tudo, ser: o melhor ser e a perfeição intelectual de sua natureza na
Sabedoria. Sua missão primeira e principal é a formação do douto, do verdadeiro
doutor: o que possui um saber universal (não enciclopédico) porque sabe as
causas primeiras e o princípio de todas as coisas; e que, em razão desse saber
puro e ótimo, é o que melhor ensina.
O sábio não é o que sabe muito
de uma ou de várias ciências particulares e segundas (matemáticas, física,
química, biologia, psicologia etc.); tampouco o investigador paciente e sagaz
que aumenta a ciência experimental com novas e valiosas descobertas.
Sábio é o filosofo, cujo
perfil interior nos deixou Aristóteles na Ética a Nicômaco e na Metafísica; e
cujo arquétipo é o próprio Aristóteles “o mestre daqueles que sabem”.
A Universidade é o testemunho
visível da preeminência intelectual sobre as virtudes praticas, da visão sobre
a ação, da teoria sobre a práxis, do ócio contemplativo sobre o trabalho manual
ou mecânico.
A parte superior e dirigente
da Universidade é imóvel como a Verdade dos princípios e das essências, cujo
conhecimento aumenta em profundidade, pelo progresso no mesmo ser definido e
inesgotável; e não por substituição de hipóteses anteriores por outras
ajustadas ao limite da experiência alcançado até o dia de hoje.
No princípio era o Verbo,
declara a voz mais antiga; e não foi a ação, como declamam, por igual, os
corifeus do materialismo marxista e do pragmatismo plutocrático, empresários de
novidades precárias e terríveis.
Jordán Bruno GENTA (1909-1974). Rehabilitación de la
inteligência, Universidad Libre Argentina: Estudios de Filosofía, Política
y Letras, Buenos Aires: 1946, pp. 25-29.
Jordán Bruno GENTA (1909-1974)
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