sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O VALOR DA PALAVRA

A arte divina da Criação tem sua analogia mais próxima no ato de afirmar o que é ou intuir uma forma bela, mais do que o ato de fazer ou de produzir. Em outros términos, se trata de esclarecer que o ato de criar se compreende melhor através da contemplação intelectual que da prática manual ou técnica. Se queremos buscar entre as atividades próprias do homem a que está mais próxima e é mais semelhante ao Ato de Criar, a encontraremos na atividade intelectual mais pura e mais desprendida do material... o que é o mesmo, o ato de nomear um ser, de chama-lo por seu nome, indicando quem é e fazendo-o vir à presença.... O “Fazer” divino tem sua analogia mais próxima na arte da palavra... Falar com propriedade, chamas as coisas por seu nome, sabe-las distinguir e hierarquizar, esta atividade especulativa teórica cuja plenitude se alcançaria na Contemplação pura, é a que melhor e mais adequadamente nos permite compreender o Ato da Criação... No princípio era o Verbo e não o trabalho. Primeiro é nomear as coisas e depois é faze-las. A tarefa peremptória que incumbe a nós ocidentais, é precisamente a reabilitação da palavra restituindo-a ao seu prestigio antigo, à sua nobreza original.


Jordán Bruno GENTA. La idea y las ideologias, Dialogos metafísicos de Platon. La teoria de las ideas en la demonstración de la inmaterialidad y de la libertad del alma. Buenos Aires: Ed. del Restaurador, 1949, p. 207.  


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