quarta-feira, 9 de julho de 2014

A MÃO DE DEUS: A IMPRESSIONANTE CONVERSÃO DE BERNARD NATHANSON

Este não é o relato de mudança de opinião sobre um tema controvertido de um dos protagonistas da disputa, mas a história de uma profunda conversão pessoal. O processo pode sintetizar-se em dois passos. Primeiro, o desencanto de uma atividade, a abortista, e de uma moral atomizada, baseada em um difuso sentimento do dever e um mínimo de respeitabilidade, algo que é a novidade que alguns apresentam para este fim de século; segundo, a convicção cientifica de que o objeto do aborto é um ser vivo, quer dizer, um ser humano vivo; assim, adquire a consciência do terrível genocídio que se estava cometendo e no qual ele havia participado, com singular protagonismo. A partir desta consciência do pecado, surgida do conhecimento da violação da lei natural, se dará o passo da conversão pessoal. A lei natural surge como apoio essencial, e seu obscurecimento supõem, em consequência, o maior mal do século; perdida esta mínima guia, ao menos na consciência coletiva, se dificulta extraordinariamente a consciência do mal cometido e, por conseguinte, a necessidade de redenção. É neste momento de desconcerto que Bernard NATHANSON descobre os cristãos, precisamente em sua atividade no movimento pró-vida: “A manhã da Redenção era tristemente fria… Sentaram-se em grupos na frente da clinica até o bloqueio das entradas e saídas da clínica abortista... No início me movia pela periferia, observando os rostos, conversando com um e outro participante... Foi só então quando captei a exaltação, o amor puro nas faces dessa vibrante massa de pessoas rodeadas como estavam por centenas de policiais de Nova York. Rezavam, sustentavam e animavam-se umas as outras... rezavam pelas crianças não nascidas, pelas grávidas confusas e atemorizadas, e pelos médicos e enfermeiras da clínica”.
Foi a consciência do fervor religioso no movimento pró-vida que levou Nathanson a perguntar-se seriamente por Deus e especialmente pela conversão ao catolicismo. Com efeito, nas palavras de Hilaire Belloc, citadas pelo Padre Mc Closkey no epílogo do livro: “Existe uma coisa no mundo que é diferente de todas as demais. Possui força e personalidade. É reconhecida e (quando reconhecida) amada ou odiada do modo mais violento. É a Igreja Católica. Dentro deste edifício o espírito humano encontra teto e morada. Fora existe a noite”.
Ajudar os que saem da noite exige um esforço cotidiano, é provavelmente a primeira obrigação moral. Neste caminho o exemplo de Nathanson nos mostra até que ponto é fundamental a insistência na lei natural.


___ José Miguel Serrano RUIZ-CALDERÓN. La mano de Dios. Autobiografía del llamado rey del aborto, Revista Verbo, ns. 355-356, p. 566.


  

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