"Para Platão e os
antigos, a polis ou cidade humana é, antes de tudo, uma escola de educação (de
civilização, de cives), e a sadia e reta cidade – com a boa terra para a planta –
são necessárias para a vida virtuosa, objeto ultimo de toda educação. A
corrupção – ou a mera decadência dos ambientes – é causa imediata da ruína
moral dos homens. Daí o interesse primordial da antiga pedagogia pela
manutenção dos costumes, que são, como os hábitos para o indivíduo, o
sustentáculo da sociedade em seu vigor e tensão interiores; e seu apoio do
mesmo modo ao princípio de autoridade, especialmente do pátrio poder, a cuja
imagem – sábio “paternalismo” – se concebia o ideal de toda e qualquer
autoridade, inclusive a do Rei e a do Papa (Santo Padre, por excelência). Conceber – como se
faz hoje – os costumes e as raízes (o arraigo, o afinco, a tradição) como
estorvos/impedimentos ou “tabus” irracionais para o desenvolvimento e liberdade
do homem, e substituir a educação familiar e paterna por um ensino massivo,
estatal e regulamentador, é destruir os verdadeiros e estáveis fundamentos da
ordem moral e do reto desenvolvimento da personalidade. Não nos esqueçamos que
o último e mais refinado instrumento da Revolução é a chamada “revolução
cultural”, cujos efeitos se revelam fulminantes para a definitiva estabulação
gregária do gênero humano, e que, por desgraça, tantas versões tem embaladas
“para exportação” no mundo de hoje".
___ Rafael GAMBRA CIUDAD.
Educación y ensino. Revista VERBO (Madrid) Serie IX, ns. 85-86. Maio-Julho de
1970, p. 439-444.
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