“Assim
me foi revelado progressivamente que não era preciso ouvir os homens, mas
compreendê-los. Lá em baixo na cidade, sob os meus olhos, a gente pouca consciência
tem da cidade. Eles julgam-se arquitetos, pedreiros, guardas, padres, tecedores
de linho, julgam-se pelos seus interesses ou pela sua felicidade e não sentem o
amor, da mesma maneira que o não sente aquele que vagueia pela casa, todo
absorvido pelas dificuldades do dia. O dia é para eles cenas do lar. Mas, à
noite, aquele que discutiu volta a encontrar o amor. E o homem assoma à janela,
à luz das estrelas, de novo responsável por aqueles que dormem, pelo ganho do
pão, pelo sono da esposa que está mesmo ali do lado, tão frágil e delicada e
passageira. No amor não se pensa. O amor é”.
__ Antoine de SAINT-EXUPÉRY. Cidadela, trad.
de Alípio Maia de Castro, Lisboa-São Paulo, Aster-Quadrante, p. 286.
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