"A inferioridade natural não é
mal nenhum. A desordem começa onde começam o orgulho e a ambição. Quem é
humilde ama a sua miséria, sem que para isso precise de a dourar. Não se
perturba, por se ver inferior aos outros. Porque é humildade, não tem no
coração qualquer ídolo a defender, como o falso verniz das ilusões, contra o
fulgor incoercível da verdade. Ser humildade é viver a própria independência em
relação ao ser exterior. É sentir-se alegremente oferecido, doado, entregue à
realidade extrapessoal. É prestar para alguma coisa, no mundo. É viver para
além das próprias diversões. A vontade do humilde situa-se, por conseguinte,
sob o signo da liberdade e do Amor. Em vez de se fechar no seu próprio egoísmo,
o “eu” do humilde abre-se livremente para o Amor”.
__ Gustave THIBON. A Escada de Jacob,
Lisboa: Editorial Aster, p. 31-33.
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