domingo, 30 de março de 2014

AUTORIDADE E OBEDIÊNCIA

O exercício da autoridade deve ser santificador desde o pai de família até o governante político, porque em todos os graus, deve ser exercida segundo o Modelo de todo governante que é Cristo, Rei de Reis. Não se veja exagero em minhas palavras, porque é o mínimo que Deus pede ao sujeito da autoridade. Tampouco deixemos nos impressionar pelos muitos exemplos de corrupção e anti-testemunho dos sujeitos indignos da potestade; na verdade, a auto-suficiência mundana do governante se apropria indevidamente, usurpa e rouba a autoridade como se fosse absolutamente sua: é o pecado essencial do totalitarismo, porque se apropria da potestade divina, inverte o seu sentido e a desorienta colocando-a ao serviço de si mesmo. Pecado verdadeiramente satânico porque é imitação fiel da atitude do “deus deste mundo” que quer que toda autoridade provenha apenas do homem e, no fundo, de si mesmo. É a reiteração do pecado original, porque se o homem é como Deus (Gen., 3,5) então toda autoridade se torna definitivamente secular. Os atuais planos e realizações conducentes a uma “nova (na verdade velha) ordem do mudo”, são satânicos. Devemos proclamar e reiterar. Por outro lado, o acontecimento da morte salvadora de Cristo, livrou o homem do despotismo do pecado; por isso, assim como a autoridade temporal exercida despoticamente contra o homem oprime o retira a sua liberdade, o exercício cristão da autoridade (que implica ordem, disciplina, sacrifício) abre o âmbito da verdadeira liberdade. O exercício da autoridade (por um sujeito cristão) não só não é tolhido com a liberdade, senão que é a fonte viva e a expansão da liberdade. Quando São Paulo diz que somos “chamados a liberdade” (Gal 5, 1), é verdade que se referente à libertação do pecado por Cristo, mas esta libertação inclui a todo sujeito de autoridade, desde o pai de família até o governante, que coloca a potestade ao serviço da verdadeira libertação do homem. Do que se segue a sacralidade a necessidade de obediência. O Modelo é Cristo, o Obediente ao Pai; na verdade, a obediência de Cristo é a mesma libertação ou salvação do homem. Ele nos ensina não somente a obediência ao Pai senão que, com ela e por ela, nos ensina também a obediência à toda autoridade participada legítima: em nome de Cristo, devemos, pois, obedecer aos pais, aos mestres, ao superior, ao governante; mas também em seu Nome sabemos que, quando exercem a autoridade contra a lei de Deus, temos o dever de “obedecer a Deus antes que aos homens” (Atos 5,29), ainda que essa “desobediência” obediência implique a glória do martírio. 
Alberto CATURELLI. La autoridad y La obediencia. Revista Verbo, ns. 341-342, pp. 70-71.

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