AUTORIDADE E OBEDIÊNCIA
O
exercício da autoridade deve ser santificador desde o pai de família até o
governante político, porque em todos os graus, deve ser exercida segundo o
Modelo de todo governante que é Cristo, Rei de Reis. Não se veja exagero em
minhas palavras, porque é o mínimo que Deus pede ao sujeito da autoridade.
Tampouco deixemos nos impressionar pelos muitos exemplos de corrupção e
anti-testemunho dos sujeitos indignos
da potestade; na verdade, a auto-suficiência mundana do governante se apropria
indevidamente, usurpa e rouba a autoridade como se fosse absolutamente sua: é o
pecado essencial do totalitarismo, porque se apropria da potestade divina,
inverte o seu sentido e a desorienta colocando-a ao serviço de si mesmo. Pecado
verdadeiramente satânico porque é imitação fiel da atitude do “deus deste mundo”
que quer que toda autoridade provenha apenas do homem e, no fundo, de si mesmo.
É a reiteração do pecado original, porque se o homem é como Deus (Gen., 3,5)
então toda autoridade se torna definitivamente secular. Os atuais planos e
realizações conducentes a uma “nova (na verdade velha) ordem do mudo”, são
satânicos. Devemos proclamar e reiterar. Por
outro lado, o acontecimento da morte salvadora de Cristo, livrou o homem do
despotismo do pecado; por isso, assim como a autoridade temporal exercida
despoticamente contra o homem oprime o retira a sua liberdade, o exercício
cristão da autoridade (que implica ordem, disciplina, sacrifício) abre o âmbito
da verdadeira liberdade. O exercício da autoridade (por um sujeito cristão) não
só não é tolhido com a liberdade, senão que é a fonte viva e a expansão da
liberdade. Quando São Paulo diz que somos “chamados a liberdade” (Gal 5, 1), é
verdade que se referente à libertação do pecado por Cristo, mas esta libertação
inclui a todo sujeito de autoridade, desde o pai de família até o governante,
que coloca a potestade ao serviço da verdadeira libertação do homem. Do que se
segue a sacralidade a necessidade de obediência. O Modelo é Cristo, o Obediente
ao Pai; na verdade, a obediência de Cristo é a mesma libertação ou salvação do
homem. Ele nos ensina não somente a obediência ao Pai senão que, com ela e por
ela, nos ensina também a obediência à toda autoridade participada legítima: em
nome de Cristo, devemos, pois, obedecer aos pais, aos mestres, ao superior, ao
governante; mas também em seu Nome sabemos que, quando exercem a autoridade
contra a lei de Deus, temos o dever de “obedecer a Deus antes que aos homens”
(Atos 5,29), ainda que essa “desobediência” obediência implique a glória do
martírio.
Alberto CATURELLI. La autoridad
y La obediencia. Revista Verbo, ns. 341-342, pp. 70-71.
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