quinta-feira, 20 de março de 2014

ESPÍRITO DE ECONOMIA E ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO

“Economizar, por na reserva, é uma exigência central da natureza humana, e entender estas palavras no único sentido de acumulação de bens materiais é limitar o problema e desnaturá-lo arbitrariamente. Um senhor medieval, um santo, um artista, um simples camponês encerrado no torrão paterno e de família numerosa, não acumulavam certamente dinheiro. Mas acumulavam outra coisa: um capital de virtudes, de tradições, de bons costumes, sem falar de outras reservas materiais, mas vitais, como as terras, as casas com seus mobiliários, etc. Estas gentes sabiam se negar à chamada do atrativo imediato. Sabiam privar-se de algo hoje (pense-se nos sacrifícios de um cavaleiro, de um asceta, de um simples pai de família) em função de um porvir que tinham que defender e fecundar. O espírito de economia, no sentido mais alto da palavra, se confunde com o espírito de fidelidade e de sacrifício”.


Gustavo THIBON (1903-2001). Diagnosticos de fisiologia social, Madrid: Nacional, 1958.

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