"O igualitarismo crasso dos movimentos políticos contemporâneos, integrante das heresias comunista e liberal, não é senão uma transposição aos bens terrenos da heresia de Joviano, condenada pelo Concílio de Florença em virtude deste artigo: De si um homem pode ser mais bem-aventurado do que outro (I-II, q. 5, a. 2); heresia renovada depois por Lutero, o avô indiscutível de toda a heterodoxia moderna. Max Scheler, depois de Nietzsche, mostrou como este obcecado igualitarismo obsessivo procede do afeto ulceroso chamado Ressentimento, cuja anatomia fez preclaramente em seu livrinho ‘Ressentiment und moralisches Werturteil’. Falando simplesmente, é o pecado capital da inveja em um de seus graus avançados. O ressentido social sofre da superioridade alheia até querer que o outro seja igualado a ele por baixo. Isto se torna tão enfermiço de modo que se chega a amar o abjeto como abjeto, negando primeiro o valor que não tem e depois alterando intelectualmente inclusive a escala natural de valores. Este efeito engendra o prurido de destruir e decapitar, que caracteriza as revoluções de massas. Também cria o tipo do ambicioso, aquele que apenas comparando-se com o outro e vendo-se mais do que ele pode perceber o próprio bem; de onde entra o continuo desejo de subir por subir. Contra esta enfermidade de igualar destruindo, que afeta enormemente o nosso tempo, estão as palavras de Cristo: ‘sempre haverá pobres’ – na terra; e ‘os últimos serão os primeiros’ – no céu”.
"Ó Cidadela, minha morada, prometo salvar-te dos projetos de areia, e hei de bordar-te de clarins para tocarem na guerra contra os bárbaros". A. de Saint-Exupéry ("Cidadela", II)
segunda-feira, 17 de março de 2014
IGUALITARISMO, RESSENTIMENTO E INVEJA
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